quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vista-nos Maria e traze a nós a Alegria Verdadeira

Bendita e grande Mãe de Deus, celebramos o dia santo em que fostes visitar a tua prima Isabel. Fostes tu ó Virgem Maria a percorrer apressadamente os caminhos montanhosos rumo à cidade do Rei de Israel, tua caminhada foi marcada pela fé, pela alegria, de um ventre e de um coração tão cheio da alegria do Espírito Santo, tão cheia de amor e paz que logo ao chegardes a saudaste com o shalom, sim com a verdadeira paz: o Cristo que é a verdadeira paz, O Filho bendito de Deus, o soberano que domina toda terra, o Messias de israel, e que trazias em teu seio bendito; foi por isso que a criança estremeceu de alegria no seio de Isabel que cheia do Espírito, adora e reconhece que diante dela, está o Novo Tabernáculo da Salvação, diante dela está a Bendita entre todas as mulheres da terra, a escolhida, a cheia da graça de Deus, diante dela está a Nova arca da Aliança que traz a nova Lei, que traz o fruto bem-aventurado da salvação. Que admirável mistério que alegra o nosso coração, e nos faz desejar como Isabel, receber em nossa casa, sim! Na casa de nossa coração, de nossas dores, nossas lágrimas, mas também de nossas alegrias e vitórias, a ti ó Virgem Mãe e contigo o teu Filho Jesus, Nosso Senhor e Salvador. Celebrar a visitação de Maria à sua prima Isabel, é celebrar a festa da Alegria. Sim porque a Alegria da humanidade, porque o Senhor está no meio de seu povo, ele vem nos visitar, para enxugar nosso pranto, nosso vale de lágrimas, foi para isso que ele quis vir ao nosso encontro: para afastar de nós toda humilhação, toda dor, toda angústia e aflição, não nos deixemos levar pelo desânimo da vida, de nossas labutas, o Senhor, o Rei de nossa história, vem em auxílio de nossas misérias, e nos chama a experimentar a Alegria verdadeira que é a sua presença na nossa história. assim nos aponta a primeira leitura da missa: Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença contra ti, afastou teus inimigos; o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais temerás o mal” (Sf 3,14-15). Cantemos esta grande alegria que vem ao nosso meio, é a nossa salvação, é o Senhor que nos visita, “Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!”. Israel cantou a sua alegria, Isabel cantou a sua alegria pela presença do Senhor em seu meio, e também, a Virgem Mãe de Deus, cantou a sua alegria, ela sem mérito algum, foi escolhida para trazer em seu seio e gerar no tempo de nossa história o Filho Eterno em nossa condição, é ela quem traz esta grande alegria a nós, por isso que ela cantou o seu magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor” ( Lc 1, 47-48). Hoje nós somos chamados a com Maria cantarmos o nosso Magnificat, com fé e esperança renovada de que o Senhor está sempre conosco, de que nele e com Ele nossa vida encontra o sentido pleno e verdadeiro, e somente unidos a ele é que poderemos cantar eternamente as maravilhas de Deus na nossa vida. Quando já não tivermos forças de por si mesmos caminharmos até Jesus, nos unamos à Virgem Maria, aquela que é a porta do céu, que nos traz o verdadeiro Paraíso, a verdadeira alegria.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Espírito Santo, Dom do Pai pelo Filho a nós

Queridos amigos a muito tenho me dedicado ao estudo do Mistério do Deus Uno e Trino, por conseguinte, feito uma leitura do Tratado da Santísima Trindade, de Santo Hilário de Poitiers, de conteúdo muito rico, por isso, estando ´próxima à Solenidade de Pentecostes como conclusão do Tempo Pascal, a liturgia das horas nos oferta nesta sexta-feira, um fragmento do tratado a cima citado, que nos faz entender quem é esta terceira pessoa da Trindade, e qual a maravilhosa missão que ela exerce no seio da Trindade e na história de cada um de nós.

Do Tratado Sobre a Trindade, de Santo Hilário, bispo
O Dom do Pai em Cristo

O Senhor mandou batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, quer dizer, professando a fé no Criador, no Filho e no que é chamado Dom de Deus.

Um só é o Criador de todas as coisas. Pois um só é Deus Pai, de quem tudo procede; um só é o Filho Unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tudo foi feito; e um só é o Espírito, que foi dado a todos nós.

Todas as coisas são ordenadas segundo suas capacida­des e méritos: um só é o Poder, do qual tudo procede; um só é o Filho, por quem tudo começa; e um só é o Dom, que é penhor da esperança perfeita. Nada falta a tão grande per­feição. Tudo é perfeitíssimo na Trindade, Pai, Filho e Espí­rito Santo: a infinidade no Eterno, o esplendor na Imagem, a atividade no Dom.

Escutemos o que diz a palavra do Senhor sobre a ação do Espírito em nós: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de compreendê-las agora (Jo 16,12), É bom para vós que eu parta: se eu me for, vos mandarei o Defensor (cf. Jo 16,7).

Em outro lugar: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade (Jo 14,16-17). Ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anuncia­rá. Ele me glorificará porque receberá do que é meu (Jo 16,13-14).

Estas palavras, entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade daquele que confere o Dom e a natureza e a perfeição do mesmo Dom. Por conseguinte, já que a nossa fraqueza não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é o Espírito Santo estabelece um certo contato entre nós e Deus, para iluminar a nossa fé nas dificuldades relativas à encarnação de Deus.

Assim, o Espírito Santo é recebido para nos tornar capazes de compreender. Como o corpo natural do homem permaneceria inativo se lhe faltassem os estímulos necessá­rios para as suas funções - os olhos, se não há luz ou não é dia, nada podem fazer; os ouvidos, caso não haja vozes ou sons, não cumprem seu ofício; o olfato, se não sente nenhum odor, para nada serve; não porque percam a sua capacidade natural por falta de estímulo para agir - assim é a alma humana: se não recebe pela fé o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus, mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento.

Este Dom de Cristo está inteiramente à disposição de todos e encontra-se em toda parte; mas é dado na medida do desejo e dos méritos de cada um. Ele está conosco até o fim do mundo; ele é o consolador no tempo da nossa espera; ele, pela atividade dos seus dons, é o penhor da nossa esperança futura; ele é a luz do nosso espírito; ele é o esplendor das nossas almas.


sábado, 19 de maio de 2012

A ascensão do Senhor aumenta a nossa fé

Dos Sermões de São Leão Magno, papa



Assim como na solenidade pascal a ressurreição do Senhor foi para nós motivo de grande júbilo, agora também a sua ascensão aos céus nos enche de imensa alegria. Pois recordamos e celebramos aquele dia em que a humildade da nossa natureza foi exaltada, em Cristo, acima de

toda a milícia celeste, sobre todas as hierarquias dos anjos, para além da sublimidade de todas as potestades, e associada ao trono de Deus Pai. Toda a vida cristã se funda e se eleva sobre uma série admirável de ações divinas, pelas quais a graça de Deus nos manifesta sabiamente todos os seus prodígios. De tal modo isto acontece que, embora se trate de mistérios que

escapam à capacidade humana de compreensão e que inspiram um profundo temor reverencial, nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade. Nisto consiste, efetivamente, o vigor das grandes almas e a luz dos corações fiéis: crer, sem hesitação, naquilo que não se vê com os olhos do corpo, e fixar o desejo onde a vista não pode chegar. Como poderia nascer esta piedade, ou como poderíamos ser justificados pela fé, se a nossa salvação consistisse apenas naquilo que nos é dado ver? Na verdade, tudo o que na vida de nosso Redentor era visível passou para os ritos sacramentais; e para que a nossa fé fosse mais firme e autêntica, à visão sucedeu a doutrina, em cuja autoridade se devem apoiar os corações dos que crêem, iluminados pela luz celeste. Esta fé, aumentada com a ascensão do Senhor e fortalecida com o dom do Espírito Santo, nem os grilhões nem os cárceres nem os exílios nem a fome nem o fogo nem as dilacerações das

feras nem os tormentos inventados pela crueldade dos perseguidores jamais puderam atemorizá-la. Em defesa desta fé, através de todo o mundo, homens e mulheres, meninos de tenra idade e moças na flor da juventude combateram até ao derramamento do sangue. Esta fé expulsou os demônios, afastou as doenças, ressuscitou os mortos. Os santos apóstolos, apesar dos milagres contemplados e dos ensinamentos recebidos, ainda se Atemorizavam perante as atrocidades da paixão do Senhor e hesitavam ante a notícia de sua ressurreição. Porém, com a ascensão do Senhor progrediram tanto que tudo quanto antes era motivo de temor, se converteu em motivo de alegria. Toda a contemplação do seu espírito se

concentrava na divindade daquele que estava sentado à direita do Pai; agora, sem a presença visível do seu corpo, podiam compreender claramente, com os olhos do espírito, que aquele que ao descer à terra não tinha deixado o Pai, também não abandonou os discípulos ao subir para o

céu. A partir de então, caríssimos filhos, o Filho do homem deu-se a conhecer de modo mais sagrado e profundo como Filho de Deus. Ao ser acolhido na glória da majestade do Pai começou, de um modo novo e inefável, a estar mais presente no meio de nós pela divindade quando sua

humanidade visível se ocultou de nós. Por conseguinte, a nossa fé começou a adquirir um maior e progressivo conhecimento da igualdade do Filho com o Pai, e a não mais necessitar da presença palpável da substância corpórea de Cristo, pela qual ele é inferior ao Pai. Pois, subsistindo a natureza do corpo

glorificado, a fé dos que crêem é atraída para lá, onde o Filho Unigênito, igual ao Pai, poderá ser tocado não mais pela mão carnal, mas pela contemplação do espírito.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mostra-nos, Senhor, quem escolheste

Das Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, de São João Crisóstomo, bispo
(Hom. 3,1.2.3: PG 60,33-36.38)
(Séc.IV)
Mostra-nos, Senhor, quem escolheste

Naqueles dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse (At 1,15). Pedro, a quem Cristo tinha confiado o rebanho, movido pelo fervor do seu zelo e porque era o primeiro do grupo apostólico, foi o primeiro a tomar a palavra: Irmãos, é preciso escolher dentre nós
(cf. At 1,22). Ouve a opinião de todos, a fim de que o escolhido seja bem aceito, evitando a inveja que poderia surgir. Pois, estas coisas, com freqüência, são origem de grandes males. Mas Pedro não tinha autoridade para escolher por si só? É claro que tinha. Mas absteve-se, para não demonstrar favoritismo. Além disso, ainda não tinha recebido o Espírito Santo. Então eles apresentaram dois homens: José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de Justo, e Matias (At 1,23). Não foi Pedro que os apresentou, mas todos. O que ele fez foi aconselhar esta eleição, mostrando que a iniciativa não era sua, mas fora anteriormente anunciada pela profecia. Sua intervenção nesse caso foi interpretar a profecia e não impor um preceito. E continua: É preciso dentre os homens que nos acompanharam (cf. At 1,21-22). Repara como se empenha em que tenham sido testemunhas oculares; embora o Espírito Santo devesse ainda vir sobre eles, dá a isso grande importância. Dentre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João (At 1,21-22). Refere-se àqueles que conviveram com Jesus, e não aos que eram apenas discípulos. De fato, eram muitos os que o seguiam desde o princípio. Vê como diz o evangelho: Era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus (Jo 1,40).
Durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João. Com razão assinala este ponto de partida, já que ninguém conhecia por experiência o que antes se passara, mas foram ensinados pelo Espírito Santo. Até ao dia em que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós para ser testemunha da sua ressurreição (At 1,22). Não disse: “testemunha de tudo o mais”, porém, testemunha de sua ressurreição. Na verdade, seria mais digno de fé quem pudesse testemunhar: “Aquele que vimos comer e beber e que foi crucificado, foi esse que ressuscitou”. Não interessava ser testemunha do tempo anterior nem do seguinte nem dos milagres, mas simplesmente da ressurreição. Porque todos os outros fatos eram manifestos e públicos; só a ressurreição tinha acontecido secretamente e só eles a conheciam. E rezaram juntos, dizendo: Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos (At 1,24).
Tu, nós não. Com acerto o invocam como aquele que conhece os corações, pois a eleição deveria ser feita por ele e não por mais ninguém. Assim falavam com toda a confiança, porque a eleição era absolutamente necessária. Não disseram: “Escolhe”, mas: Mostra-nos quem escolheste (At 1,24). Bem sabiam que tudo está predestinado por Deus. Então tiraram a sorte entre os dois (At 1,26). Ainda não se julgavam dignos de fazer por si mesmos a eleição; por isso, desejaram ser esclarecidos por algum sinal.





São Matias, és agora
testemunha do Senhor,
como apóstolo chamado
em lugar do traidor.

Do perdão de Deus descrendo,
Judas veio a se enforcar;
como o salmo anunciara,
passe a outro o seu lugar.

Por proposta de São Pedro,
que preside à reunião,
lançam sorte, e eis teu nome!
Quão sublime vocação!
  
E a tal ponto te consagras
em levar ao mundo a luz,
que proclamas com teu sangue
o Evangelho de Jesus.
  
Dá que todos nesta vida
percorramos com amor
o caminho revelado
pela graça do Senhor.

Uno e Trino, Deus derrame
sobre nós a sua luz:
conquistemos a coroa,
abraçando a nossa cruz!


sábado, 12 de maio de 2012

AMAR COMO JESUS AMOU, NÃO É UTOPIA, MAS REALIDADE.

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo amigo”.

 (Jo 15,13)

Estas belíssimas palavras pronunciadas por Jesus, o Mestre e Senhor de nossas vidas, nos revelam a sua grande missão tendo sido enviado ao mundo, para salvar uma humanidade dispersa e afundada no abismo da morte, sem vida, sem esperança e sem amor. Toda a vida de Jesus foi para revelar o amor de Deus na vida de uma humanidade sequiosa de amor, Ele veio para dar vida aos que andavam na terra sem-vida. Cristo deu a sua vida em amor ao curar os enfermos, cegos, aleijados, paralíticos, surdos e mudos, ao reavivar a vida de alguns que estavam mortos, e tantos outros que passaram e se encontraram com ele, mortos física e espiritualmente. E por fim, deu sua vida em amor na cruz por cada um de nós, na cruz se revela a maior prova de amor, daquele que se fez nosso servo para nos chamar a uma amizade íntima com ele, de coração para coração, um amor verdadeiro e não utópico.

Jesus também chamou os seus discípulos e hoje chama a cada um de nós para também darmos a vida uns pelos outros, porque a medida do amor, é amor como Jesus nos amou, esta é a novidade radical que Jesus propõe a cada um de nós como caminho para a Vida Bem-Aventurada. Repito embora a olho nu, esta proposta de Jesus seja difícil, pois muitos podem pensar: quem de nós humanamente falando pode amar como Jesus amou? Todavia, não pensemos assim, Jesus sendo Deus nos amou humanamente. Humanamente sim! Pois nos amou de forma pura, doce, afável e verdadeira, se doou por cada um de nós, tocou as nossas feridas, chorou pela perda de quem ele amava, sentiu as nossas dores e aflições, fez o que nós fazemos. Tudo isso para dizer que nós podemos amar como ele nos amou. E podemos ver que esse seu amor embora seja grande, imenso e infinito, se manifestou de forma simples, pequena e frágil, um amor que é desconcertante, que não sabemos como explicar.

Nunca esqueçamos que nós embora sendo humanos, temos em nós um germe de eternidade, fomos feitos à imagem e semelhança do Eterno e fomos criados para a eternidade, e nos faz capazes de Deus e de amar com os sentimentos que brotam do coração de Deus, por isso, é possível amar como Jesus amou a ponto de dar a vida pelo próximo. O problema é que pensamos que dar a vida pelo outro é literalmente termos que morrer no sentido propriamente dito da palavra, ou seja, deixar de existir fisicamente. É verdade que podemos dará vida, morrer por causa de alguém, para que ele viva. Mas podemos e devemos dar a vida, morrer pelo outro em pequenas atitudes e gestos. Por exemplo, quantas vezes nos deparamos com pessoas que estão quebradas e cansadas pelos sofrimentos da vida, dores, tristezas, tribulações, angústias, que perderam o sentido de viver, que preferem tirar a própria vida do que continuar vivendo frente às dificuldades que parecem intermináveis. Pessoas que não tem alegria, sorriso no rosto, felicidade, estão vivas, embora pareçam estar mortas. E nós paramos para conversar num diálogo fraterno com estas pessoas, e o tempo vai passando e o dialogo vai fruindo, nós com nossas dores e dificuldades, mas na ocasião mais alegrias e vigorosos que a pessoa, logo vamos dando a ela a alegria de viver, ela vai encontrando a paz, a fortaleza espiritual, um sorriso lhe salta dos lábios, uma luz cintila em seu olhar, nós vamos reerguendo-a e ela vai recuperando a alegria de viver. E logo diz: como eu me sinto melhor! Como meu coração está aliviado! Como um sentimento de paz invade meu coração!

Pronto! Depois de uma longa ou pequena conversa nós demos a vida ao outro, e é isso mesmo, a alegria que nós tínhamos e que faltava à pessoa, demos a ela para que ela pudesse também ser feliz. E outras coisas mais, como a paz, fortaleza, felicidade, coragem, entusiasmo, e, sobretudo, amor. É assim que nós damos vida ao outro em amor; nunca esqueçamos embora o amor seja eterno, ele é simples, porque o amor nasce em Deus que sendo eterno se fez simples, ou melhor, o Amor é Deus, e este amor foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, que é o vínculo de amor ente o Pai e o Filho, e entre, Deus e nós.

Amar e dar a vida pelo outro, é viver esta eterna doação, num eterno movimento de sair de si e dar-se ao outro. É ressuscitar quem muitas vezes está eternamente morto na vida, quem já não encontra mais motivos e nem forças para seguir. Tenhamos sempre a coragem de parar, escutar, chorar e se alegrar com quem tem sede de ser amado. Assim seremos outros Cristos na vida de tantos enfermos, cegos, paralíticos, mendigos que necessitam ser sempre mais amados. O amor que damos ao outro, num simples instante de atenção, não é nosso, é dom de Deus a nós, e é ele que nós devemos derramar na vida dos irmãos. Amar como Cristo amou não é utopia, é real e verdadeiro, basta que saíamos de nosso Eu e nos dirijamos ao Tu do próximo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Morte e Ressurreição no Antigo testamento - II


No entanto, a confiança no amor fiel de IHWH  faz o salmista ter a certeza de que nem a morte o separará do amor de Deus, pois Ele é um Deus fiel, justo e sem falsidade, ele não engana, ele cumpre em verdade o que prometeu: “Tenho sempre o Senhor  na minha presença; com ele à minha direita, não vacilarei. Por isso se alegra meu coração e exulta minha alma; até minha carne descansa, serena,  porque não abandonarás minha alma ao abismo nem deixarás teu fiel ver o fosso. Tu me ensinarás o caminho da vida; em tua presença há plenitude de alegria, à tua direita delícias eternas” (Sl 16,8-11).

É perceptível neste texto da Escritura que toda a atenção é colocada na relação com IHWH. Diante do vazio da morte, preenchido somente pela confiança em Deus, inicia-se lentamente uma representação antropológica ligada à idéia de ressurreição: “Eu sei que meu Redentor está vivo e que, no fim, se levantará sobre o pó, e, através de minha pele retalhada, na minha carne, verei a Deus. Eu verei aquele que está a meu favor, e meus olhos contemplarão quem não é um adversário” (Jó 19,25ss).

Aos poucos a idéia e a fé na ressurreição vão nascendo a partir de imagens pre-figurativas, vejamos o que nos diz o profeta Oséias: “Vinde, retornemos ao Senhor! Porque ele despedaçou e nos há de curar; ele feriu e nos ligará a ferida. Após dois dias nos fará reviver, no terceiro dia nos restabelecerá e nós viveremos em sua presença”. (Os 6,2).  A princípio esta palavra Oseiana quer enfatizar que o povo de Israel deveria sair de sua depravação moral e de persistir num novo começo de vida com a ajuda e a graça de Deus. Agora é claro que pela menção ao terceiro dia, haverá um progresso, um desenvolvimento até a posterior fé na ressurreição dos mortos destaca pelo Novo Testamento.

            Ainda é digno de nota a profecia dos ossos ressequidos de Ezequiel:



A mão do Senhor estava sobre mim e o Senhor  me levou em espírito para fora e me deixou no meio de uma planície repleta de ossos.  Fez-me circular no meio dos ossos em todas as direções. Vi que havia muitíssimos ossos sobre a planície e estavam bem ressequidos.  Ele me perguntou: “Filho do homem, poderão estes ossos reviver?” E eu respondi: “Senhor Deus,  tu é que sabes!” E ele me disse: “Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do Senhor ! Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Vou infundir-vos, eu mesmo, um espírito para que revivais.  Dar-vos-ei nervos, farei crescer carne e estenderei por cima a pele. Incutirei um espírito para que revivais. Então sabereis que eu sou o Senhor ”. Profetizei conforme me fora ordenado. Enquanto eu profetizava, ouviu-se primeiro um rumor, e logo um estrondo, quando os ossos se aproximaram uns dos outros. 8 Eu olhei e vi nervos e carne crescendo sobre eles e, por cima, a pele que se estendia. Mas faltava-lhes o hálito de vida.  Ele me disse: “Profetiza para o espírito, profetiza, filho do homem! Dirás ao espírito: Assim diz o Senhor Deus : Vem, ó espírito, dos quatro ventos, soprar sobre esses mortos para que eles possam reviver!” Profetizei conforme me fora ordenado, e o espírito entrou dentro deles. Eles reviveram e se puseram de pé qual imenso exército. Então ele me disse: “Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis o que dizem: ‘Nossos ossos estão secos, nossa esperança acabou, estamos perdidos!  Por isso, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus : ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! Eu vos farei sair de vossas sepulturas e vos conduzirei para a terra de Israel.  Ó meu povo, quando abrir vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. Quando incutir em vós o meu espírito para que revivais, quando vos estabelecer em vossa terra, sabereis que eu, o Senhor , digo e faço –oráculo do Senhor ” (37,1-14).



            O Deus único de Israel é criador e aqui torna-se recriador: ele recria ressuscitando Israel, morto pelo seu pecado, pela sua ruptura com o Deus da vida. O texto é exílico, o profeta quer dar esperança ao povo, que está quebrado, maltratado, angustiado, longe de Deus, da terra e do templo.  É bom repetirmos, o que afirmamos a pouco, não se pode afirmar se se trata de uma metáfora ou se já é fé explícita na ressurreição. Em todo caso, as imagens vão ficando sempre mais forte e reais! É isto que se encontra nos textos seguintes: “Muitos dos que dormem na terra poeirenta, despertarão; uns para a vida eterna, outros para vergonha, para abominação eterna”. (Dn 12, 2).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cristo, Videira Verdadeira

Muito profundo o Evangelho de ontem, 5ºDomingo da Páscoa, Nele o Evangelista João nos mostrava mais um aspecto do Deus Vivo e Verdadeiro, do "Eu Sou". Cristo, o Senhor Vivo e Ressuscitado, Deus de Deus,  é também a verdadeira Videira que produz o vinho da salvação, o doce fruto da alegria e da paz verdadeira; se Israel produziu frutos amargos de infidelidade, idolatria, Cristo, o Rebento da raiz de Jessé, produz  verdadeiramente em seu sangue bendito derramado em sacrifício de amor na árvore da Cruz, qual seiva dando-nos vida, o fruto da salvação para toda a humanidade. Seu sangue é o Vinho Salvífico, vertido infinitamente do seu coração rasgado, que cheio do Espírito Santo embriaga nossos corações, assim, cada vez que nos unimos espiritualmente com Cristo, pela Eucaristia, somos chamados a permanecer neste mesmo amor, para que nele, enxertados, venhamos a dar frutos em nossa vida. O amor que nos alimentamos como bebida de salvação,  deveremos derramá-lo na vida míuda de cada dia. Felizes são aqueles que como um ramo, se entrelaçam nesta Bendita Videira que é Cristo, pois será sempre um vencedor, é Nela que nós encontramos repouso, fortaleza, estando unidos a Cristo tudo podemos, que nunca falta o Vinho Novo nos odres de nosso coração, para que assim, venhamos a viver as eternas núpcias com Cristo, pois sem ele nada somos e nada podemos fazer, sem ele nós fracassamos. Dá-nos Senhor Jesus, Videira do Pai, estarmos sempre unidos a ti e que contigo venhamos a produzir muitos frutos.
 

sábado, 5 de maio de 2012

Morte e ressurreição no Antigo Testamento - I

Diante de uma das grandes questões que tocam a existência humana: para onde vamos? e frente a um mundo que foge da realidade da morte, comos e ela fosse o fim de tudo, queria convosco partilhar uma pequena síntese de um estudo sobre a ESCATOLOGIA ( doutrina das coisas últimas) que tenho feito. espero que vos ajude a compreender melhor a realidade na morte e da Ressurreição


A FÉ NA MORTE E RESSURREIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO



O presente tema a ser refletido, dista sobre a vida do Indivíduo, da pessoa em sua individualidade, poderíamos falar de uma ESCATOLOGIA INDIVIDUAL, a esperança da consumação da vida de um indivíduo. Deste modo nos concentramos dentro de uma perspectiva escriturística, no Antigo Testamento, com o intuito de observarmos como é concebida a idéia de morte e fé na Ressurreição.

É bom destacar que o Povo santo de Israel, vê a esperança individual unida à esperança coletiva. Isto pode ser entendido a partir da promessa Abraãmica: “farei de ti um grande povo” (Gn 12,2). A vida do indivíduo deverá ser trilhada a partir de dois ideais: poder viver uma relação de comunhão e de vida com o Povo e com Deus. Não é por acaso que o Israel primitivo tinha a sua vida pautada por três pilares: Vida longa, descendência numerosa, ser sepultado em Israel.

Então, a vida significava participação na comunhão com Deus e com o Povo; ao passo que a morte é estar excluído desta comunhão vital. Por isso, que nas Escrituras, a vida e a morte são primeiramente noções teológicas, não biológicas ou mesmo antropológicas. Por isso mesmo, muitos textos escriturísticos insistem, sobretudo, na dimensão de relação/relacionamento, e não primeiramente sobre a idéia antropológica em si, basta que observemos este fragmento escriturístico do Livro do Deuteronômio que nos diz: “Eis que hoje ponho diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a desgraça” (Dt 30,15). Ao falarmos em relação ou relacionamento, recordemo-nos que Israel se entende como povo, a partir de sua relação com Deus, Israel vive para estar unido ao Senhor e único Deus.

Portanto, a vida está ligada, ou melhor, relacionada ao louvor de Deus, de modo que no Antigo Testamento não existe uma idéia clara sobre o estado dos mortos. Fala-se em sheol, hades, mas que não é vida, e sim um estado de enfraquecimento, de debilidade vivido pelo ser humano. Isto implica em dizer que quem vive distante de Deus, sem nenhuma relação para com Ele, verdadeiramente não vive: os mortos não vivem: “Sou trazido às portas do Sheol, pelo resto de meus anos. Eu disse: Já não verei o Senhor na terra dos viventes. Não avistarei mais homem algum entre os habitantes do mundo. Porque o Sheol não pode louvar-te nem a morte te celebrar. Os que descem à cova já não esperam em tua fidelidade. O vivente, apenas o vivente te louva, como eu hoje!” (Is 38,10-11.18-19).

Na verdade estar no Sheol, ou seja, viver a experiência da morte, é estar cortado da comunhão com Deus e com os viventes. Porém, este vazio existente somente é preenchido pela esperança de Israel na fidelidade de Deus: ele é o Senhor de tudo, onipotente e onipresente, é dele e nele que o Novo surge para preencher a vida humana de esperança e de vida: “Aonde irei para estar longe de teu espírito? Aonde fugirei para estar longe de tua face? Se eu escalar os céus, aí estás; se me deitar no abismo, também aí estás” (Sl 139,7).


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nas muitas veredas da vida, um só é o Caminho.

Queridos e amados amigos, quero partilhar convosco esta reflexão que tem batido em meu coração desde o dia de ontem quando de certa maneira já degustávamos as delícias deste Evangelho, a tal ponto de hoje podemos entender qual é o caminho que o Senhor Jesus, o Vivente em nosso meio nos convida a trilhar, em um mundo tão cheio de veredas, devemos entender com fé que um só é o Caminho: JESUS.


Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”.
5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. (Jo 14,1-6).

O Evangelho de hoje nos faz ver a grande promessa que o Senhor Ressuscitado, Aquele que é a plenitude da vida faz a nós seus filhos e filhas; e que promessa é essa? É o próprio Senhor quem nos diz: “Vou preparar um lugar para vós... voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós”. Aqui o Senhor revela a vocação para a qual fomos chamados: SER-UM-COM-CRISTO. Vejam, nós não fomos feitos para o acaso, para a finitude da vida, pelo contrário, fomos feitos para o Eterno, para o Infinito que é uma pessoa: Jesus; é para ele que nos dirigimos, Ele é o oriente para o qual somos orientados, a ponto de podermos saber conscientemente que fomos feitos para o Alto, por isso que o homem é conhecido segundo os filósofos como Homo Erectus, ou seja, aquele que vive erguido, de cabeça para frente, para o alto, coisa que os animais irracionais não vivem. Isto já deve ser para nós causa de grande alegria, pois como diz uma canção: “foi para a eternidade que eu te criei”. Todavia, quantas e quantas vezes palmilhando a estrada da vida, o nosso coração não se perturba, vivemos inquietos, sem saber para onde ir, o que fazer, nossa fé parece vacilante frente as dores e dificuldades da vida, queremos abandonar, nos entristecemos e por isso ficamos com a vida literalmente cabisbaixa, já não temos olhares de eternidade. E mais, nossa fé vai se esvaindo, vai se diluindo, começamos a duvidar de Deus e de sua ação em nossa vida e em nossa história, e assim vamos empurrando nossa vida para o vazio, para o esgoto do nada existencial.

Por isso que para não desanimarmos neste palmilhar, Jesus exorta a nós seus discípulos: “Tende fé em Deus, tende fé em mim também”. Ou seja, meus irmãos, é isso que muitas vezes falta em cada um de nós, a Fé, isso é verdade, muitas vezes o que pensamos que é fé, na verdade é uma mera crençazinha, é um vil sentimento. E o que é a fé? Fé é confiança, adesão, entrega, abandono da própria vida na vida de Deus, é lançar-se por inteiro nele, porque somente em Jesus é que nós encontramos o repouso que nos abriga, a fortaleza onde encontramos segurança, a fé nos dá a firme certeza de que verdadeiramente nós estamos nesta terra de passagem, de partida para outra realidade. Portanto, é preciso confiarmos decididamente no Senhor Jesus, Ele sabe que nós vacilamos, caímos, fraquejamos, ele sabe que por nossas próprias forças não conseguiremos chegar a nossa morada verdadeira, ao nosso verdadeiro lar, onde encontraremos paz, amor, segurança, abrigo, aconchego, enfim, a felicidade eterna. Por isso o próprio Senhor Jesus elevado aos céus vai preparar para nós esse lugar, vai arrumar a nossa verdadeira morada, por isso Ele assumiu a nossa condição, ao descer dos céus, de junto do Pai, ele veio como dizem os padres da igreja: “ele se humanizou para nos divinizar”, ele “viveu como homem, para que o homem pudesse viver como e para Deus”. O que Jesus fez foi redirecionar a humanidade para o alto, ao seu caminho verdadeiro, o Céu.

Assim como o Senhor Jesus foi elevado, nós também o seremos, repito o que disse a cima: estamos neste mundo de passagem, passando deste mundo para o mundo de Deus, agora isso não deve ser entendido só quando formos tocados pela morte, não!  Se é verdade que em nossa morte o Senhor Jesus virá dos céus e nos levará para junto do Pai, é também verdade que nós nesta vida tão sofrida, cansada, limitada, deveremos viver já junto de Deus, buscando o que é de Deus. É preciso passar desde já, no hoje, no presente diário da nossa vida. É preciso passar da existência terrena que nos atola no lamaçal da vida, para viver uma existência celeste, inclinado para o céu. Neste caminho para o céu nós não vamos sozinhos, o Senhor Jesus vai conosco, é verdade que Ele tendo morrido, ressuscitou e foi para junto do Pai, e aqui se esconde um mistério muito grande, o Senhor Jesus ao voltar para junto do Pai, não volta sozinho, ele possui em seu corpo, uma humanidade gloriosa, redimida, cheia do Espírito Santo, isso deve ser para nós causa de grande alegria, porque no Senhor glorioso que sobe aos céus, temos a certeza de que lá, á direita de Deus existe um homem, existe eu e você, existe cada um de nós, por isso o Senhor disse: “2Na casa de meu Pai, há muitas moradas”. Em Jesus elevado aos céus, o homem encontrou um lugar em Deus. Que alegria saber disso! Que grande dádiva Jesus nos concedeu!

Todavia, nós temos consciência de que fomos feitos para Deus e que é para ele que caminhamos, mas às vezes damos uma de desconhecidos, de esquecidos e volta e meia fazemos a mesma pergunta de Tomé: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Nós aspiramos a vida verdadeira, bem-aventurada, temos plena consciência de que só em Deus nós a encontramos, só trilhando e palmilhando os passos de Jesus é que encontraremos a Vida Feliz. Entretanto, acabamos muitas vezes por trilhar outros caminhos, nos afastamos para outras veredas, outros lugares que parecem nos trazer paz e harmonia, o tumulto deste mundo acaba nos desviando do caminho verdadeiro. E o Senhor volta sempre e de novo a orientar a direção e nossa vida por isso Ele nos diz, como disse a Tomé:  “Eu sou o Caminho”. Jesus aqui se apresenta e de fato é a única via segura pela qual devemos conduzir a nossa vida, ele não é um caminho dentre tantos e tantos que existem e que nos são propostos, Ele é o Único Caminho, não só isso, ele é mais, é a Meta deste caminha, ou seja, é trilhando o caminho de Jesus, que nós chegaremos ao cume de nossa vida, a união íntima com Ele, Ele nos leva ao Pai, e nele nós contemplamos a face doce e verdadeira do Pai. E isso é encontrar mais duas certezas, a primeira é que, este é o verdadeiro caminho, que nos conduz à Verdade, sobre Deus, e sobre nós mesmos, neste Caminho verdadeiro se revela quem é Deus e quem somos nós. Por isso disse Jesus: “Eu sou a Verdade”. A verdade não é uma idéia, uma doutrina, a verdade é a manifestação de Deus; Jesus neste caminho tira o véu da vida de Deus e de nossa vida, e assim vamos entendendo que não deveremos buscar outras verdades, mas deveremos depositar a nossa vida nesta âncora segura que é Deus. Biblicamente falando, a verdade traz em si a fidelidade e a confiabilidade, só Deus é Fiel e nele nós podemos confiar, pois Ele é Deus e não um homem, Ele não nos engana, Nele e com Ele nós podemos retirar a nossa vida do chão das nossas incertezas, irrealidades, inseguranças e colocarmos em contato com a Verdade que Ele é.

Por fim, a segunda alegria neste caminho verdadeiro é que ele nos conduz também à Vida Verdadeira. E quem é esta vida? É o próprio Jesus: “Eu sou a Vida”. Pois bem, Estar em Jesus é viver esta viva em plenitude, é viver segundo o Espírito de Jesus, assim viveremos não como mortos vivos, pois é isso que acontece quando estamos distantes de Deus, mas viveremos respirando o ar de Deus, experimentaremos a plenitude da vida, onde mesmo nas dores, encontramos a razão de superá-las porque o amor de Deus que é vida é mais forte do que nossos sofrimentos, limitações. Esta é a vida para a qual nós fomos criados, eis a eternidade, eis o infinito, eis a vida imperecível.  

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Rezar na direção de Deus

"A liturgia é o culto do céu aberto... nela nós entramos no Céu, estamos orientados para o coração rasgado de Cristo, o Sol do Oriente que veio nos visitar... voltar-se em conjunto ...para o Oriente, não era uma celebração da parede e não significava do sacerdote virar as costas ao povo, mas uma forma do sacerdote e o povo que se entendiam unidos na caminhada para o Senhor, eles não se fecham no círculo, não se olham uns aos outros: são um povo que se põe a caminho para o Oriente, rumo a Cristo vindouro que se aproxima de nós... não é o olhar para o sacerdote que é importante, mas o olhar para o Senhor, não é o diálogo que está agora em causa, mas a adoração...O sacerdote que se volta para a comunidade, forma um círculo fechado em si. A sua forma deixou de ser aberta para frente e para cima; ela encerra-se em si própria... o sacerdote agora é o ponto de referência, tudo depende dele, é necessário vê-lo, tudo assenta a sua criatividade... cada vez menos é Deus que se encontra em destaque... onde não é possível voltar-se coletivamente para o oriente, pode a Cruz servir como o Oriente interior da fé. Ela deveria estar no centro do altar, sendo o ponto de vista comum, do sacerdote e da comunidade. Voltai-vos para o Senhor. Desta maneira olhamos juntos para Aquele cuja morte rasgou o véu... o Senhor é o ponto de referência. Ele é o Sol nascente da história. A cruz pode ser a da paixão, que presencia Jesus que por nós deixou traspassar o seu lado, donde jorrou sangue e água”. (Cardeal Joseph Ratzinger. Introdução ao Espírito da Liturgia. p. 55-62)