segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MARIA, A GRANDE MÃE DE DEUS

Amados irmãos e irmãs, neste primeiro dia do ano civil, oito dias depois do nascimento do filho Jesus, a santa Mãe Igreja nos convida a cheios de alegria volvermos nossos corações para aquela que lhe deu à luz, a Virgem pobre de Nazaré, chamada Maria. Foi por meio dela que o Filho de Deus desceu do céu, assumiu a nossa condição e entrou na nossa história. Esta verdade de fé e de salvação, nós escutamos na segunda leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas, “quando se completou o tempo previsto, Deus enviou ao mundo, o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito a lei”.

Vejam, Maria, a virgem santa e esposa de São José, é esta mulher, tantas vezes predita pelos profetas no Antigo Testamento, e que foi escolhida por Deus, preenchida por sua graça, para que no tempo certo, o  Filho unigênito do Pai, que é Deus de Deus, luz da luz, entrasse no mundo, e se fizesse homem, nascendo em seu seio,  para resgatar a humanidade da escravidão do pecado. Deste modo, porque Maria na força do Espírito Santo gerou o Verbo de Deus humanamente, ela é reconhecida e proclamada com fé como a Grande Mãe de Deus (Theotokos). 

Que grande graça! Que grande benção! O Pai derramou na vida da Virgem Maria, ter se tornado mãe do Filho de Deus. Todavia, não bastando esta tão grande graça, também lhe foi concedida a honra de pôr o nome em seu Filho; nós escutamos no Evangelho: “quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus”. Esta missão já havia sido foi anunciada pelo anjo Gabriel: “darás a luz um filho a quem porás o nome de Jesus”. Este nome precioso que foi dado ao menino, significa: “Deus Salva”. Que nome belo e que nome santo!  ele revela para nós, três coisas preciosas, primeiro a identidade do menino, Ele é homem, mas sobretudo, Ele é Deus; segundo, a sua missão, Ele veio para salvar a humanidade, e terceiro, a  salvação trazida a nós, nos enche de alegria, pois nele nós encontramos a vida nova, a felicidade, o amor, a concórdia e a paz.

Por isso que hoje nós também celebramos o dia mundial da paz, porque por meio de Maria nos foi dado àquele que é o Príncipe da paz, ou melhor, aquele que é a verdadeira paz, como nos diz São Paulo: “Jesus é a nossa Paz”. É Ele que acalma as guerras e as tribulações da vida tão sofrida de cada um de nós, das nossas famílias, da nossa cidade, do nosso estado e do mundo inteiro.

Por fim,  também é por meio de Maria, que em seu Filho Jesus nós recebemos toda graça e toda benção; e a maior graça que de Deus nós recebemos em Jesus, foi o dom da filiação divina, nos tornamos filhos adotivos no Filho Jesus,  participantes da vida divina, e por isso nele e com Ele nós podemos clamar Abbá, ou seja, chamar a Deus de Pai. Portanto, como filhos e filhas peçamos com humildade de coração ao Senhor Deus, para que ele nos conduza, ilumine as nossas vidas, nos conceda a paz, o amor, a concórdia ao longo deste ano, mas, sobretudo, peçamos que ele derrame as suas bênçãos generosas sobre cada um de nós para que vivamos um Ano Novo cheio de felicidade; que “o Senhor nos abençoe, e nos guarde! O Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e se compadeça de nós! O Senhor volte para nós, a sua face e nos dê a sua paz”. Entretanto, mesmo em meio aos sofrimentos, dores, perdas que venhamos a enfrentar, sejamos encorajados pela certeza de que a benção do Senhor é sinal de sua presença constante em nossas vidas. Amém.


sábado, 29 de dezembro de 2012

A DIVINA FAMÍLIA DE NAZARÉ

Caros irmãos e irmãs em Jesus Cristo, neste domingo dentro das alegrias da oitava do natal celebramos a Festa da Sagrada Família. Em verdade, o natal é a festa da Família, este tempo é momento onde todas as famílias se reúnem e se encontram para celebrar e se confraternizar pelas alegrias vividas, com banquetes e com dons; mas também, e, sobretudo, o natal é a festa da Família, porque Deus, veio ao mundo e se fez homem, nasceu e cresceu no seio de uma família: Um Pai adotivo, José; uma Mãe, Maria e um filho, Jesus. Esta família é santa porque nela, o Deus Uno e Trino se revelou e para ela Deus tinha uma missão.

As leituras desta santa liturgia nos fazem descobrir o esplêndido valor que a Família possui. Comecemos pelo Evangelho, S. Lucas nos narra Jesus aos 12 anos no Templo; diz-nos que seus pais como pessoas piedosas e de fé sobem para Jerusalém para a grande festa da páscoa, aqui nós já percebemos que a Família de Nazaré era uma família que vivia nos caminhos de Deus, que caminhava para Deus. Pois bem, na viagem de volta José e Maria não percebem que o menino tinha ficado, depois de três dias o encontram no templo conversando no meio dos mestres e doutores da lei. Quando sua mãe preocupada e aflita lhe pede explicações, o menino Jesus diz: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai” (Lc 2,50). Aqui se revela para nós algo muito belo! Reparem, primeiro esta resposta de Jesus aos seus pais, revela que Ele tem esse amor e zelo pelo Templo e por Deus, porque Ele é filho de Deus, sua origem é divina, e por isso em obediência filial, deve viver e fazer a vontade de seu Deus e Pai, deve estar sempre em comunhão com ele, por isso tem esse amor e zelo. Entretanto, olhando para este jovenzinho de 12 anos, ele como homem, podemos perguntar: de quem ele aprendeu esse zelo pelas coisas do Pai que o faz estar no Templo rezando, partilhando os ensinamentos? A resposta não é difícil, por meio de seus pais, Maria e José, pessoas de fé e de amor a Deus, eles o educaram no amor a Deus.

Daqui nós entendemos que a família, os pais, devem a exemplo de Maria e José, serem uma família de fé, temente a Deus, que reza, que partilha a palavra de Deus e que por isso pode também educar os seus filhos na fé cristã, nos caminhos de Deus, ensinando-os a rezar as primeiras orações e rezando com eles, orientando-os para a catequese, vindo com eles para missa, enfim, conduzindo-os nos caminhos de Deus. Assim vamos construindo uma família sagrada, onde o ar que se respira é o desejo de sempre fazer a vontade de Deus.

Na primeira leitura, retirada do livro do Eclesiástico, nós encontramos algumas palavras dirigidas aos filhos, a eles e a nós no tempo presente o autor sagrado diz: “Honrai teu pai”, com estas palavras nós lembramos do 4º mandamento da Lei de Deus (Ex 20,12). E vejam, honrar quer dizer dar glória e dar todo respeito a alguém que é importante. Neste caso, os filhos são chamados a respeitar seus pais, porque eles são instrumentos do amor de Deus para doar a vida, nos pais nós contemplamos a imagem de Deus. Por isso os filhos devem em todo tempo e circunstância da vida respeitar o seu pai e sua mãe, escutá-los em seus pedidos e conselhos, amá-los, ser compreensivos, ser caridosos, não ser causa de desgosto para eles, ser obedientes, como o próprio Jesus que foi não somente obediente ao seu Deus e Pai, mas também aos seus pais humanos, assim dizia o Evangelho: “Jesus, era obediente aos seus pais” (Lc 2,51)

E existe, ainda algo muito importante, os filhos, na idade avançada de seus pais, ou na debilidade das doenças que os afligem, devem estar mais próximos ainda de seus pais, sendo-lhes um cajadinho de amor, de refúgio, devem amparar aqueles que um dia lhes ampararam; não devem cair no triste pecado de abandoná-los, nem desprezá-los, jogando-os em asilos, como se fosse alguém que não tem mais valor e que não presta mais para estar ao nosso redor; os filhos devem ter a paciência de suportar a fragilidade da idade e da lucidez e do esquecimento. Enfim, se vós amados filhos viverdes a caridade e o amor para com teus pais, neste tempo presente de tua vida, estarás juntando tesouros de salvação no céu, estarás amando ao próprio Deus que um dia te amou e te deu a vida.

Na segunda leitura, temos uma última exortação para todas as famílias: o dom da família nasce do amor de Deus, é este amor que une marido e mulher e faz gerar filhos, por isso que na vida familiar este amor deve ser constante, porque ele é a seiva que da vida ao coração da família, por isso o apóstolo Paulo nos exorta: “revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro”. O amor é a doação mútua ente pais e filhos, que se respeitam e que vivem uma comunhão e partilha de suas vidas, que mesmo em meio as dificuldades e dissabores que envolvem em muitas ocasiões a família sabem vencer estas adversidades, amando-se cada vez mais. E quem ama sabe também perdoar, quando um ou outro fraqueja e erra nas escolhas e decisões da vida que envolve a família. O perdão nasce do amor, as famílias se destroem, seja pela separação, pelo divórcio, pela traição, porque primeiro os cônjuges não sabem amar, mas fingem que amam, ou nunca se amaram; é fácil escutar alguém dizer: "eu me separei porque o amor que eu tinha por ele ou ela, acabou". Meu irmãozinho, não foi o amor que acabou, foi você que nunca amou, ou bricou de amar, porque o amor não se acaba, pois ele é eterno. consequentemente, quando não se há amor, porque os pais e os filhos  não se amam, não são capazes de ver no outro alguém tão fraco quanto ele, e por isso se tornam incapazes de dar ao outro o perdão.

Roguemos a Deus que a exemplo da sagrada família de Nazaré, as famílias de todo o mundo, sejam celeiros de vida e de amor, casas de oração, lugares santificados pela graça de Deus, cheios da paz, do amor e do perdão. Roguemos, pois a sagrada família a sua intercessão: Jesus, Maria e José, a nossa família vossa é. Amém.



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

HOJE UMA LUZ BRILHOU PARA NÓS: NASCEU JESUS, O SALVADOR.

“Eu vos trago a Boa-Nova de uma grande alegria, o povo que andava na escuridão viu uma grande Luz, Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo Senhor”.

Estas santas palavras revelam a grande atmosfera de alegria que envolve esta celebração, outrora elas foram anunciadas ao povo de Israel, e aos pobres pastores, e hoje são anunciadas a nós. Hoje esta Igreja se torna a Nova Belém onde os anjos de Deus anunciam a nós o nascimento do salvador. Sim Belém é aqui, aqui é natal. Nós somos este povo pobre que em meio a escuridão e as trevas que envolvem nosso coração pelos sofrimentos, dores, angústias e infelicidades da vida, recebe nesta noite santa esta mensagem de alegria e salvação: uma grande Luz brilha sobre toda a humanidade e sobre a terra de nossos corações, esta Luz é a glória de Deus que se manifesta no pequeno menino deitado na humilde manjedoura. Nesta humilde criança, vemos o Verbo de Deus que existia junto do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, e que hoje se fez carne e veio habitar em nosso meio; e como nos diz São João: “Nele nós vimos a glória de Deus” (Jo 1,14), pois “Ele é a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1,9). É a luz que veio para iluminar a minha vida, a tua vida, a vida da tua família, a vida dos doentes, dos pobres, dos encarcerados, de todos aqueles que sofrem.

Por conseguinte, amados irmãos e irmãos, olhando para o presépio nós contemplamos “a graça de Deus que foi manifestada a nós e a todos os homens” (Tt 2,11), o grande amor que Deus tem para conosco; esta graça e este amor nós vemos nesta humilde criança reclinada na manjedoura; nela, vemos aonde Deus chega para nos amar.  Reparem, este pobre menino é o Salvador, é o Messias, o Cristo, o ungido de Deus, é o Senhor, é o Filho de Deus, que para manifestar o seu amor e a sua salvação Ele, o Criador fez-se criatura, Aquele que é Grande, fez-se pequeno, Aquele que é Forte fez-se fraco, Aquele que sustenta todo o universo, na noite de hoje quer ser sustentado por cada um de nós, o Deus Tão grande e onipotente que os céus não podem conter, desce de sua glória e se faz pequeno a ponto de caber numa manjedoura. Que mistério de amor! Isso nos faz entender que Deus é grande, mas se revela simples e pobre. Na verdade nos diz São Paulo: “Ele sendo rico fez-se pobre, para com a sua pobreza nos enriquecer”. Pois bem, a simplicidade é o rosto de Deus, a simplicidade é o sinal de Deus, de quem quer conhece-lo de verdade.

Este foi o sinal que fora dado pelo anjo aos pastores e hoje é dado a cada um de nós: “Ide a Belém, e lá encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Este menino nasce de uma virgem pobre, Maria; nasce numa cidade pobre, Belém; nasce num local pobre, uma estribaria; nasce como um pobre e indefeso. Nele vemos a imagem de todos aqueles que são pobres, as crianças indefesas, as que são abortadas, as quem vivem na rua, as que foram abandonadas por seus pais, vemos nele também os drogados, as prostitutas e os que passam fome.  E vejam, que coisa extraordinária, os primeiros que contemplam o Deus que se fez pobre, são pessoas que não tinham valor algum, gente pobre e humilde, os pastores; eles representam todos os pobres, todos aqueles que esperam por uma vida feliz. Eles são a imagem de cada um de nós que batalhamos nos campos da vida, somos nós os privilegiados de Deus. Como não nos alegrar com este presente de Deus, assim nos dizia Santo Agostinho: “Desperta ó cristão, foi por tua causa que Deus se fez homem”. Portanto, Jesus nasce entre os pastores porque Ele é o Grande Pastor que apascentará a humanidade, que dará a vida pelas suas ovelhas, é ele que nos conduzirá as verdes pastagens de uma vida feliz.

Eis o grandioso mistério que celebramos nesta noite, Como é grande amor Deus por nós!  Cantemos de alegria com os anjos do céu, demos glória ao nosso Deus, pois a paz reina em nossas vidas; e assim como os pastores, corramos apressadamente até a manjedoura do menino Deus, para adorá-lo e amá-lo, pois como diz o belíssimo canto do Adeste Fideles:  “tanto amou-nos quem não há de amá-lo, ó Vinde adoremos o salvador”. Nós te adoramos e te amamos ó menino Deus, realiza em nossas vidas um eterno natal. Assim seja!


sábado, 22 de dezembro de 2012

MARIA, TRAZ EM SEU SEIO A PALAVRA DE DEUS.

Este é o último domingo do advento, a Celebração do Natal do Senhor se aproxima cada vez mais, e a santa liturgia vai nos inserindo neste mistério santíssimo de nossa salvação.

Na primeira leitura da profecia de Miquéias, vemos o lugar onde nascerá o salvador da justiça: “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade”. Deus escolheu a pequenina cidade de Belém, a cidade do Pão, porque nela nasceria aquele que é o Pão descido do céu, o Verbo que existe desde toda a eternidade, o Pastor que nos apascenta e que alimenta a humanidade sofrida e abandonada pelas dores da vida.  Nós enfrentaremos estes sofrimentos até o momento em que uma “mãe der a luz a um Filho”; aqui nós logo entendemos que se trata de Maria, nela o Pão da Vida, entra no mundo e em nossa história, nela Deus recebe um corpo, a Palavra  se fará carne, assim nos diz a segunda leitura: “Ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo”. Este corpo que o Verbo recebe de Maria será oferecido em sacrifício como alimento, como oferenda pura e santa.

O Evangelho nos relata a Visita de Maria a sua prima Isabel, Maria, jovenzinha de Nazaré, com aproximadamente 12 anos estando grávida, parte apressadamente pelas montanhas da Judéia. E Vejam, este caminho outrora, foi percorrido pela arca da Aliança (2Sm 6,2), o lugar da presença de Deus nela estava as tábuas da Lei; e hoje é percorrido por Maria, que se revela como a nova arca da aliança, o Novo Tabernáculo, o Novo Sacrário onde Deus Habita, ela traz em seu ventre, a Palavra, o Verbo que se fará carne, se tornando o Pão que alimenta a humanidade. Por conseguinte, Maria se dirige apressadamente à casa de Isabel. E podemos nos perguntar: Por que Maria vai com tanta pressa? Porque ela crê na promessa que Deus fez, e também porque está cheia do Espírito Santo, cheia da alegria que vem de Deus, cheia da Palavra de Deus; lembremo-nos que Maria guardou no seu coração a Palavra do anjo, e em caridade deseja leva-la a sua prima.

Pois bem, Maria ao entrar na casa de Isabel saudou-a, a palavra que Ela utilizou para saudar Isabel não nos é dita, todavia, a saudação judaica de costume era: Shalom – “a paz esteja contigo”. Aqui se revela uma grande verdade, Maria não somente deseja à paz, ela traz dentro de si, aquele que é a paz. Esta verdade era asseverada pela primeira leitura que nos dizia:  “aquele que nascerá da Mãe... e ele mesmo será a Paz”, São Paulo nos diz: “Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14). É por isso, que quando Maria saúda Isabel, esta fica cheia do Espírito Santo, isto acontece porque Maria vem ao seu encontro cheia do Espírito Santo, e por isso santifica Isabel.

Por conseguinte, a criança pula no ventre ditoso de Isabel, porque Ele reconhece que diante dele está a Nova Arca da Aliança, que traz o salvador, o Messias, o príncipe da paz, o Pão vivo que alimenta a humanidade, pulo da mesma forma como o Rei Davi havia pulado e dançado diante da Arca da Aliança. Por fim, Isabel saúda Maria: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre, como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar”. Sim, Maria é bendita, porque acreditou na Palavra de Deus e por isso a traz em seu seio, esta Palavra  é o fruto Bendito que nos alimenta, que dá vida a nossa vida. O mais interessante é que Isabel utiliza as mesmas palavras de Davi ao ter diante de si a Arca da Aliança, este disse: Como posso merecer que a arca de meu Deus venha à minha casa (2Sm 6,9), e Isabel diz: como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar”. Isabel reconhece que diante dela está a Nova Arca da Aliança que traz a Palavra que se fará carne, a Nova lei que por amor nos alimentará.

Queridos irmãos e irmãs, daqui a pouco ao nos aproximarmos da sagrada comunhão, nós também nos tornaremos habitação de Deus, como Maria, Nova Arca da Aliança, em nosso ser, o Pão descido do céu, a Palavra se fará carne, e em nós irá habitar, que grande presente de amor Deus nos concede! Que trazendo em nós esta Palavra feito carne, com fé e amor, percorrendo as montanhas de nossa vida, a levemos às nossas casas, às nossas famílias, levemos esta alegria a todos aqueles que passam pelo chão de nossa história. E que a nossa casa seja uma nova Belém, onde Jesus Pão descido do céu nela encontra a sua morada. Que assim seja! Amém!

sábado, 15 de dezembro de 2012

ALEGRAI-VOS, O SENHOR ESTÁ PRÓXIMO

Amados irmãos e irmãs, celebrando este 3º Domingo do Advento, a santa mãe Igreja nos convida à Alegria de Espírito, este domingo é chamado de Domingo Gaudete, ou seja, Domingo da Alegria, assim nós escutamos na 2ª leitura: Alegrai-vos sempre no Senhor, sem cessar eu repito: Alegrai-vos! Mas qual é a razão que nos leva a neste tempo de conversão e penitência a nos rejubilarmos com tamanha alegria? É a vinda do Senhor, a sua chegada em nosso meio, o seu Natal, o Senhor, o nosso Redentor que já está próximo de nós, é ele que vem conceder a paz, a alegria e a salvação para a nossa vida.

Na primeira leitura, o profeta Sofonias já convidava o povo de Israel, povo cansado, derrotado, aflito, machucado a se rejubilar, a cantar de alegria, a exultar de todo coração, porque Deus virá para salvar o seu povo (Sf 3,14), para dar-lhe a salvação e a felicidade, pois Israel é o resto, o povo humilde e simples que Deus escolheu para habitar em seu meio.  E vejam amados irmãos e irmãs, este mesmo convite à alegria foi feito a humilde serva de Deus, a Filha de Sião, a Virgem Maria, por meio do anjo que disse: alegra-te cheia de graça (Lc 1,28), Deus Pai te escolheu, para em ti, o Verbo eterno se encarnar, para no meio de tua vida e de teu coração, Deus fazer a sua morada. Portanto, Maria é pois, a Nova Sião, a nova Jerusalém.

E hoje este convite de alegria é feito a nós, povo simples e pobre, sofrido e cansado, não temamos em meios as aflições, não nos deixemos levar pelo desânimo das derrotas da vida, alegremo-nos, Deus escolheu o nosso coração, a nossa casa interior para nela habitar, ou seja, naquele dia (Sf 3,16), no dia de seu nascimento, do seu natal, o lugar onde ele deseja manifestar a sua alegria é em nós. Deus, deseja se encarnar na nossa vida, o presépio que o Menino Deus deseja ser posto é o nosso coração.

E isto não somente é motivo de alegria para nós, mas também, para o próprio Deus, assim nos dizia o profeta no final da Primeira leitura: “O Senhor teu Deus, está no meio de ti, ele exultará de alegria por ti, movido por amor, exultará por ti entre louvores” (Sf 3,17). Sim, queridos irmãos, nós não temos méritos nenhum para que o Senhor faça sua morada em nós, é unicamente pelo seu amor, porque Ele nos ama, Ele cheio de alegria vem a nós, porque somos dele, e seu amor salvador é causa de alegria para nós e para toda a humanidade. Deveras, Jesus é a alegria dos homens.

Conscientes desta vinda do Senhor em nós, na terra de nossa história, e chamados a exultarmos de alegria; olhando para dentro de nós sabemos que precisamos ainda purificar o nosso coração, preparar ainda mais a nossa morada interior, por isso podemos fazer a pergunta que a multidão, os cobradores de impostos e os soldados fizeram a João Batista no Evangelho de hoje: o que devemos fazer? (Lc 3,11) As três respostas que são dadas por João ao Povo, são na verdade um convite à conversão, e, sobretudo, a vivermos a virtude do amor. Sim, nos foi dito que é por amor que Deus vem a nós, Ele mesmo é o amor que deseja habitar em nós, então, como podemos acolher o amor, se nós mesmos não amamos, não vivemos este amor?

A Multidão, os cobradores de impostos e os soldados são imagem de cada um de nós, primeiro temos a infeliz tentação de ser como a Multidão, falatmos com a caridade, de não sabermos partilhar com os que sofrem e que são necessitados; depois, somos como os cobradores de impostos, muitas vezes somos marcados pela soberba, queremos tudo para nós, somos prepotentes, orgulhosos e vaidosos. E por fim, somos como os soldados romanos, tratamos os outros com dureza, nos deixamos levar pela raiva, pelo ódio, agredimos os outros com ações e palavras.

Então, amados irmãos e irmãs para bem acolhermos o Senhor que está próximo, que vem ao nosso encontro, convertamo-nos, mudemos de vida, nos deixemos tocar e transformar por esta palavra, abramos as portas de nosso interior para que o Senhor que é Mais forte do que nós, recolha toda imundície do pecado, e que vivamos com alegria o amor que Deus pede de nós, para que assim o Amor Encarnado, encontre um digno espaço na manjedoura de nosso coração, no albergue de nossa vida. Assim seja, amém!

domingo, 9 de dezembro de 2012

PREPARAI O CAMINHO DE TUA VIDA PARA O SENHOR

Queridos irmãos e irmãs, quão rico de espiritualidade é este tempo de Advento, que prepara a nossa vida, qual manjedoura onde o Deus menino deseja fazer a sua morada. Vejam, a vida humana é uma caminhada para um grande Dia, o Dia de Cristo, dia feliz, dia cheio de esplendor, peregrinamos numa grande procissão de vidas que rumam para a terra prometida do coração de Deus. Todavia, nesta caminhada, nós experimentamos o deserto da vida, marcado pela sequidão da dor, pelo sofrimento, pelas angústias da vida, pelas aflições, muitas vezes até somos impedidos de dar passos, porque os nossos pecados nos aprisionam, prendem a nossa vida na terra da escravidão, ficamos sem esperança, sem alento, o desespero bate na porta de nosso coração. Nós abrimos vales, covas, sepulcros de infelicidade, erguemos montes e colinas de orgulho; e hoje, Deus diz para cada um de nós por meio do profeta Baruc: “abaixassem todos os altos montes e as colinas eternas, e se enchessem os vales, para aplainar a terra, a fim de que Israel caminhe com segurança, sob a glória de Deus”. Somos chamados a converter a nossa vida, nossa maneira de pensar e de agir, Deus pede que  aterremos os vales, as covas de sofrimento, de dor, de pecado, e a abaixar os montes, as colinas de nosso orgulho e prepotência, a fim de que caminhemos com passos firmes para o dia que o Senhor tem preparado para nós.
O Evangelho nos insere neste mesmo contexto, o Tempo do Advento nos traz algumas figuras bíblicas que nos ajudam a preparar nosso coração para celebrarmos o natal do Senhor, e uma destas figuras é João Batista, é Ele o precursor, a voz que prepara os caminhos que serão percorridos pela Palavra, pelo Messias, por Jesus. E hoje, o Batista, adverte a cada um de nós, com palavras semelhantes à do profeta Baruc na primeira leitura, e nos diz: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados”.
Vejam, que coisa bela, não é somente nós que estamos numa caminhada para Deus, mas é o próprio Deus que olhando para nossas fraquezas, sofrimentos, dores, e aflições vem até nós, vem ao nosso encontro, vem tocando o chão de nossa história. Por isso, que o Evangelho no seu início nos mostrava algumas figuras históricas, indicando que Deus, Jesus, o messias Salvador, veio e vem na história humana, vem na nossa vida, vem ao nosso coração, para nele fazer sua morada. Por isso, mister, se faz que preparemos o caminho de nossa vida para o Senhor. Primeiro, o Senhor não pode habitar num coração transviado, dúbio que não sabe se quer ser de Deus ou do tentador, que busca apoio e descanso em veredas falsas; Deus não deseja habitar numa vida torta, atrofiada pelo pecado, mas anseia que a aplainemos, e a deixemos reta, com uma vida de retidão, depois ele não deseja morar num vale de dor e sofrimento, como muitas vezes se encontra nosso coração, e cada um de nós, afundados em nossos desesperos, o Senhor anseia que derrubemos os montes e colinas de nossa vaidade, soberba, retiremos as pedras de tropeço, que tapemos o buracos que o pecado abriu no nosso coração.
Assim, sendo, nos deixando converter pela palavra de Deus, o Senhor encontrará um caminho, uma história, um chão novo, uma terra nova para nela passar e permanecer. E portanto, virmos a experimentar a salvação que somente o próprio Deus pode nos conceder. Que de nosso coração possam brotar ardentemente as palavras cheias de fé do salmista que diz:  Mudai a nossa sorte, ó Senhor,/ como torrentes no deserto./ Os que lançam as sementes entre lágrimas,/ ceifarão com alegria”. Assim, seja!!!!.

sábado, 1 de dezembro de 2012

ERGUEI A CABEÇA, A VOSSA LIBERTAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA

Amados irmãos e irmãs, estamos reunidos na fé da Igreja, para com ela iniciarmos um Novo ano Litúrgico, que se abre com esta celebração do Primeiro Domingo do Advento.

Antes de tudo quero dizer-vos o que significa este tempo que nos prepara para celebrar o natal do Senhor, sua vinda em nossa carne. A palavra Advento significa: chegada, presença, vinda. Antigamente, ela era usada para indicar a visita dos reis e imperadores ao seu povo. Os cristãos tomam esta idéia e a relacionam ao Rei Jesus, o Filho de Deus que vem visitar o seu povo, Ele que vem dirigir a nossa vida, para tanto, o tempo do advento é marcado pela espera e pela vigilância que nos convida a preparamos com piedade a nossa casa interior para recebermos este Rei que vem. Portanto, este sagrado tempo nos convida a recordarmos espiritualmente a Vinda de Deus em nossa história, Ele veio uma primeira vez em nossa carne, mas também Ele virá uma segunda vez, no fim dos tempos. Aqui se expressa a característica do tempo do Advento, ele se divide em dois: 1 Domingo até o dia 16 de dezembro meditaremos sobre o Advento escatológico, e do dia 17 de dezembro ao dia 23 meditaremos sobre o Advento natalício.

Pois bem, neste Primeiro domingo a Igreja nos convida a olharmos para  o Futuro, a Segunda Vinda de Jesus em nossa história, Deus que virá para salvar o seu povo da terra da escravidão. Na Primeira leitura o profeta Jeremias se dirige a um povo amargurado, angustiado, sofrido, sem esperança, com sua alma quebrada, que depois de estar preso, volta para a sua casa (Terra) e a encontra toda destruída, e, por conseguinte, este povo se acha sem forças para reconstruir a própria vida, por isso chora e geme de tristeza e dor. Este povo é imagem de cada um de nós, marcados como somos e estamos pelos sofrimentos, angústias, aflições, desesperos. Todavia, Deus por meio de seu profeta faz uma promessa, enche o coração do povo de esperança, e hoje também anseia por reavivar a esperança em nossos corações; eis que no futuro próximo, “Deus vai fazer brotar de Davi uma semente, um rebento de justiça, o qual salvará o seu povo (Jr 33, 15). Quem é este rebento? É Jesus, é Ele o descendente  de Davi, por meio de seu pai adotivo, José. Já nos dizia a profecia de Isaías: Um ramo sairá do Tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes, sobre ele repousará o Espírito de Deus” (Is 11,1). Em verdade Jesus é este rebento, sobre o qual o Espírito do Senhor pousou (Lc 4,18), Ele trará para nós, a justiça, a paz, a felicidade plena, libertando-nos da escravidão de nossos medos, temores e inseguranças.

No Evangelho, Jesus fala a seus discípulos, e hoje a nós, de um tempo novo que virá, um mundo novo que será criado, mas que será antecipado por sinais cósmicos, 25“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.  Veja, não é que o fim do mundo será marcado por  catástrofes, mas por meio destes sinais apocalípticos Deus nos faz ver que este mundo é limitado, passa, é finito. Todavia, também nos faz ver que Deus trará um novo mundo,  por isto que estes versículos são muito semelhantes, ao caos inicial visto quando Deus iniciou a criação do mundo (Gn 1,1-2).
Por conseguinte, não devemos desanimar, nem ter medo, se até mesmo os males e sofrimentos do tempo presente nos afligem, somos encorajados a por esta promessa cheia de esperança:  “Eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Sim, amados irmãos, estamos neste mundo como que aprisionados, cativos, sufocados pelas derrotas da vida, quantas e quantas vezes baixamos nossa cabeça, a dor ofusca nosso olhar, arranca o brilho de esperança e de felicidade que reluz em nós. Mas Deus hoje nos dá esta certeza, Ele virá para nos libertar de nossas prisões interiores, Ele virá para mudar o rumo de nossa história, deveremos erguer nossas cabeças e olhar para o céu, o firmamento, para o horizonte do coração de Deus, pois é de lá, que virá a nossa libertação, a nossa salvação.

Entretanto, o Senhor pede de nós a vigilância, pede que abandonemos às obras e a vida de pecado, e  a tudo aquilo que embriaga o nosso coração, fazendo-nos tropeçar na estrada que conduz até Deus e nos afasta dele. Devemos em todo instante de nossa vida estarmos atentos e vigilantes na oração, atentos em praticar boas obras que edifiquem nossa vida como nos diz a segunda leitura:Irmãos: O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós”. Nós conhecemos a forma de vida que nos leva para Deus, progridamos, pois neste caminho, e que com passos firmes e coração cheio de fé e esperança, aguardemos em prontidão, o dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.