sábado, 1 de junho de 2013

SENHOR EU NÃO SOU DIGNO

Caros irmãos e irmãs em Cristo Jesus, o Deus de nossa salvação

A liturgia deste 9º Domingo do tempo Comum, nos convida a contemplarmos Deus, que manifesta o seu amor e o seu poder, na vida daqueles que tem fé, quer sejam cristãos ou pagãos.

E nesta Liturgia vemos um pagão, estrangeiro, que cheio de fé recorre ao Senhor Jesus, porque o reconhece como o Deus que tem poder. Este Pagão era um centurião, chefe de uma legião de 100 soldados, certamente um homem autoritário, duro, mandão, mas que hoje se revela com uma Humildade extraordinária, primeiro na compaixão que tem pelo seu servo, vendo-o como um amigo que ama muito e não como um empregado. Depois, sua humildade se revela, quando ele se acha impotente, fraco diante do sofrimento deste empregado que ele amava muito e que estava à beira da morte. Por fim, a Humildade deste centurião se mostra admirável, porque ele, se achando impotente, reconhece que o único que pode ajuda-lo é Jesus. Ele sabe que este nome tem poder, é o Deus que cura, salva e liberta, ele sabe que sua palavra é viva e eficaz. Ele sabe que este homem é o Deus Salvador. Por isso, não teme em procurá-lo, todavia, ele se achando indigno de ir até o Mestre Jesus, porque é um pagão, e, por conseguinte, manifesta o seu desejo por meio de outros.

Jesus também, revela de sua parte uma atitude humilde, Ele sendo judeu, não hesita em ir à casa de um pagão, pelo contrário, porque, Ele é o Deus que veio trazer a salvação a todos que o procuram de coração sincero, vai também manifestar o seu poder e seu amor na vida daqueles que ainda não fazem parte de seu povo. Esta atitude de Jesus revela o amor que Deus tem para com todos, um amor que não encontra barreiras para ser derramado na vida daqueles que o procuram. De fato, o amor é a única coisa que tira a liberdade de Deus, tornando-o nosso escravo, porque Ele tem sede de nosso coração.

Quando Jesus estava se dirigindo à casa do Centurião, eis que este homem nos dá mais uma prova de sua humildade, agora revelada na sua fé. Eis que ele demonstra uma fé humilde e sincera. Ele mandou alguns amigos irem até Jesus e dizer: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”.
  
Amados irmãos e irmãs, que humildade deste homem! Que fé! Que absoluta confiança! Que abandono! Que Temor a Deus! Ele se acha pequeno, indigno, diante de Deus, mas ao mesmo tempo confia em Deus, no poder que ele tem, na força de sua palavra que cura porque é cheia do Espírito Santo. O Centurião com muita fé, colocou a vida de seu empregado nas mãos de Jesus. A fé deste homem causou admiração em Jesus, tocou o coração do Senhor, de modo que, o Senhor mesmo à distância curou aquele empregado, porque “Deus dá a sua graça aos humildes”.

Que a humildade e a fé deste centurião sirva de modelo para cada um de nós, de em toda a nossa vida nos momentos alegres e tristes, nos confiarmos nas mãos de Deus, na sua graça, na sua misericórdia, de nos reconhecermos pequenos, pobres, mendigos de seu amor, de nos pormos diante dele como indignos, apresentando-o nossas misérias e deixando-nos tocar pela sua misericórdia. Daqui a pouco o Senhor na Eucaristia virá até nós, à nossa casa interior, e repitamos com muito amor as mesmas palavras do Centurião: “Senhor eu não sou digno de que entres em minha morada, mas dizei uma palavra e  eu serei salvo, serei curado”. Louvado Seja, nosso Senhor Jesus Cristo.


sábado, 11 de maio de 2013

O MISTÉRIO DA ASCENSÃO DO SENHOR


Queridos e amados Filhos e filhas da Igreja


“Por entre aclamações, Deus (Jesus) se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta”.

Hoje, somos chamados a exultar de alegria, e a dirigirmos nossos olhos e corações para o céu, para contemplarmos o glorioso mistério da Ascensão de Jesus. Depois de quarenta dias aparecendo como Ressuscitado no meio dos seus discípulos, Jesus volta ao Pai.

A primeira Leitura e o Evangelho nos descrevem, este grandioso evento de nossa salvação. Reparem que imagem belíssima: Jesus está diante de seus discípulos, e agora é elevado à vista deles, de modo que “uma nuvem envolve Jesus e os olhos dos discípulos”. Esta nuvem é sinal da presença de Deus, deste modo, Jesus não está fazendo uma viagem em direção às estrelas, mas está adentrando na morada de Deus, na casa do Pai. De modo que Ele está sentado à direita do Pai, que não é um espaço físico, um trono ao lado do Pai, mas indica que Ele está em comunhão com Deus Pai, participando de sua glória e poder, como diz o salmista: “Ele é o Deus Altíssimo, o Soberano que domina toda terra”. E isto é o que nos alegra, porque, do alto do céu, da montanha do Pai, o Senhor está mais perto de nós, de lá Ele nos vê por inteiro, vai vendo os caminhos de nossa vida, para onde estamos indo, e quando o barco de nossa vida quer afundar, pelas agitações do mar bravio da vida, ele vem para nos socorrer.

Depois, quando Jesus está subindo aos céus, ele estende as suas mãos e vai abençoando os discípulos, a sua Igreja. Este gesto de Jesus é simples, mas ao mesmo tempo belo e profundo. Estas mãos estendidas que abençoam a sua Igreja, revela que eternamente elas são o teto, o abrigo, o refúgio de nossa vida, elas até hoje continuam estendidas sobre o mundo, sobre cada um de nós. E como é bom saber que em quando veem sobre nós tempestades de sofrimento, dor, angústia, aflição, as mãos do Senhor estão estendidas sobre nós para nos protege. Esta certeza tocou a vida dos discípulos, e por isso, a partida de Jesus do meio deles não foi causa de tristeza, mas de alegria, porque Jesus agora estava mais próximo deles.

Por fim, “esse Jesus que foi levado para o céu, virá do mesmo modo, que o vimos partir”. Este mistério da ascensão toca profundamente a vida de todos nós. Vejam, Jesus que havia descido do céu para assumir a fraqueza de nossa humanidade, vindo ao encontro de cada um de nós, ovelhas perdidas no caminho da vida e feridas pelo pecado, nos resgatou em sua morte e ressurreição, e hoje sobe aos céus, levando em seu corpo glorioso a vida de cada um de nós. Ele subiu hoje aos céus como Cabeça da Igreja, e foi preparar para nós, membros de seu corpo um lugar, a nossa verdadeira morada, o que nos alegra é que Ele depois voltará, e tomará cada um de nós em seus braços e nos fará descansar em seu regaço de amor, nos tornando participantes de sua glória. Louvado seja, Nosso Senhor Jesus Cristo.


sábado, 4 de maio de 2013

O CÉU DENTRO DE NÓS


Queridos irmãos e irmãs

Jesus veio ao mundo, percorreu um caminho, entregou a sua vida aos homens, e em sua ressurreição, abriu-nos um Novo Caminho que nos leva até o Céu, junto de Deus. Neste 6º Domingo da Páscoa o Senhor Jesus nos convida a vivermos a nossa vida como uma caminhada para o céu, sabendo que não estamos sozinhos, Ele está conosco, caminhando ao nosso lado, por meio do Espírito Santo.

A Segunda leitura nos convida a contemplar qual é o fim de nossa caminhada aqui nesta terra de sofrimento. Reparem bem, nós, a Igreja, esposa de Cristo, caminhamos para a grande e alta montanha, onde está edificada a cidade Santa, a Jerusalém Celeste, o Céu, o lugar cheio da glória e do esplendor (Ap 21,11), ornada por doze alicerces, os doze apóstolos (Ap 21,14). Que verdade extraordinária, que conforta nossos corações e nos enche de alegria, como é bom ter a certeza de fé que diante dos sofrimentos e quedas da vida, nos altos e baixos, caminhamos para o Alto, para a montanha santa, o lugar da eterna felicidade, onde habitaremos com Deus e o Cordeiro, numa vida de comunhão e amor, onde reina a felicidade sem fim. Lá não há Templo, porque já viveremos eternamente na presença do próprio Deus, num encontro íntimo de amor contemplando a sua doce face. O Bonito é que todos os seres humanos, cristãos e pagãos, são chamados a descansar suas vidas sofridas nesta cidade santa, por isso que nela, haviam doze portas, três em cada direção do mundo. (Ap 21, 12-13).Como um sinal de que todos os povos são chamados a esta única e verdadeira meta, que é a vida com Deus

Todavia, se todos são chamados a habitar nesta cidade, desde cristãos até pagãos, se faz necessário que purifiquemos nossos corações, abandonando  os ídolos deste mundo, como o dinheiro, o prazer desmedido, a não oferecermos sacrifícios aos deuses pagãos de nosso dias, como o horóscopo, a cartomancia, a Umbanda, a não estarmos de comum acordo com as uniões ilegítimas deste nosso tempo, como o casamento gay, a fornicação, o divórcio, o aborto, a poligamia. Isto são coisas indispensáveis, as quais a Igreja como mãe e guiada pelo Espírito (At 14,28) nos ensina a rejeitar, para o bem de nossa salvação.

No Evangelho, vemos mais um trecho do discurso de despedida de Jesus, antes de sua partida do meio dos seus discípulos. Que nos faz entender porque deveremos retirar de nossos corações tudo aquilo que não vem de Deus, somos dele, e é na casa de nossos corações que Ele quer habitar. Para tanto, no início do evangelho, Jesus diz a seus discípulos e hoje a nós, uma palavra muito importante: “Quem me ama, guardará minha palavra”. Sim, seguir a Jesus, e amá-lo de todo coração, é antes de tudo, escutar a voz de Jesus, e se deixar guiar por sua palavra, que é viva e eficaz, alegra e conforta nossos corações. E vejam, que coisa belíssima acontece na vida de quem guarda a palavra de Jesus, de quem tem o coração aberto para ele, de quem tem fé: “Eu e o Pai viremos e faremos nele a nossa morada”. Deus fará morada em nosso coração! Deus se tornará íntimo de nós, nosso amigo.

Vejam queridos irmãos e irmãs, antes de habitarmos no céu, Deus quer habitar em nós, para ser um companheiro nosso de caminhada, para nos dar força neste caminho muitas vezes tão árduo. Se Jesus subiu ao céu, Ele não nos abandonou, Ele nos deixou segundo a carne, mas para estar presente em nossa vida, por meio do Espírito Santo, é isso que Jesus diz aos discípulos e a nós “não se perturbe, nem se intimide o vosso coração... se me amásseis, ficaríeis alegres” (Jo 14, 27-28). Sim, deveremos exultar de alegria porque, Jesus foi para junto de Deus, mas deixou para nós, o Espírito Santo, o Defensor, o Paráclito. É Ele a presença de Deus dentro de nosso coração, é pelo Espírito, que Deus veio morar em nós, porque nosso Corpo é Templo dele. Ele veio em nós, para nos ensinar o caminho da vida, sendo nosso mestre interior, iluminando nossos pensamentos e corações, veio para recordar em nosso coração as palavras de Jesus, que são cheias de vida e verdade. Ele veio para nos consolar em nossas dores e  aflições, Ele veio para ser a nossa alegria em meio as tristezas que envolvem nossa alma. Ele veio para ser a nossa verdadeira paz, quando dentro nós, em nossa vida e na vida de nossa família tudo parece estar em guerra. Por fim, Ele veio para ser a força que impulsiona nossa vida ao céu. Louvado Seja, Nosso  Senhor Jesus Cristo.

sábado, 27 de abril de 2013

O NOVO MANDAMENTO DO AMOR


Queridos Filhos e filhas

O Senhor na força de seu Espírito de Amor é que nos une nesta santa celebração, e é sobre o Amor que a liturgia deste 5º Domingo da Páscoa nos convida a refletir. Antes de tudo deveremos reconhecer que o amor envolve toda a nossa vida, pois, nós fomos criados no amor, pelo amor e para o amor. Em outras palavras, fomos criados para a vida de comunhão com Deus que é a Amor (1Jo 4,8). E esta vida é plena de felicidade, longe de qualquer dor e sofrimento.

Todavia para alcançarmos esta meta, faz-se necessário enfrentar esta vida sofrida, atribulada, tão marcada por dores e angústias que nos fazem até pensar em desistir de caminhar. Mas, hoje a primeira leitura nos encoraja a não desanimarmos e nem desistirmos, assim dizia Paulo e Barnabé aos discípulos e hoje a todos nós: “Permanecei firmes na fé... é preciso que passemos por muito sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14,22). Vejam, que palavras profundas, que devem tocar e mover nosso coração: é somente permanecendo com fé firme, se abandonando nas mãos de Deus, com muita confiança e amor, unindo as nossas vidas à Cristo, que conseguiremos enfrentar, todo e qualquer sofrimento. Lembrando de que é preciso carregar a cruz de cada dia, porque nada se compara à vida feliz e plena, cheia de glória na qual Deus preparou para nós, o seu Reino. E é desta Vida Nova que a segunda leitura nos fala.

Deus preparou e prepara para nós, um novo céu e uma nova terra, um mundo novo. Mas que mundo novo é este? É a Jerusalém Celeste, a cidade santa, o lugar onde Deus habita, ou seja, o céu, a morada do amor, da comunhão com Deus, onde unidos a Ele poderemos viver uma vida plenamente feliz numa aliança de amor. Esta é a nossa verdadeira pátria, a cidade onde nós filhos e filhas de Deus deveremos morar. Nesta divina morada não haverá morte, dor, tribulação, angústia, sofrimento, tudo isso passará e “Deus enxugará toda lágrima de nossos olhos e fará novas todas as coisas”. Junto de Deus estaremos envolvidos por uma única coisa: o Seu Amor.

Todavia, Deus é tão misericordioso, “tão bom para com todos nós suas criaturas”, que já aqui na terra, no hoje de nossa vida sofrida, podemos experimentar um pouco desta felicidade que Ele preparou para nós. E isto nós escutamos ainda na segunda leitura: “Esta nova Jerusalém, desceu do céu de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para seu esposo... Esta é a morada de Deus entre os homens, Deus vai morar no meio deles”. Quem é esta esposa? Quem é esta morada de Deus em nosso meio? É a Igreja, esposa de Cristo, adornada das riquezas de salvação que são os sacramentos, pelos quais podemos experimentar a vida nova e feliz. É nela que podemos tocar, sentir, falar e escutar a voz de nosso amado Deus, nos curando em seu amor nos convidando a unir a nossas vidas a Ele.

O Evangelho, de hoje nos aponta o meio eficaz, que Jesus deixou a seus discípulos e a nós, pelo qual poderemos habitar no céu com Deus. Primeiro, ele nos fala de sua morte na cruz, onde por meio dela, Ele entregando a sua vida, e ressuscitando, manifesta toda a sua glória e amor, e abre-nos as portas da vida feliz com Deus.  Depois, ele deixa-nos um novo mandamento, ou seja, o caminho para encontrarmos esta vida plena e feliz, assim diz-nos Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Na verdade podemos pensar que aqui não há nada de novo, porque este mandamento já existia no Antigo Testamento: “Amarás o próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). Então, podemos nos perguntar, o que há de novo? A novidade está em que agora temos um modelo: Jesus. A Novidade é o que Ele fez por nós, nos amando até o fim na cruz, dando-nos vida nova por sua ressurreição e derramando sobre nós a graça de seu Espírito. Por isso a nova lei, é a Lei do Amor “que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Por isso, nós saberemos se estamos amando ao passo que formos unindo a nossa vida a dele, abrindo nossos corações ao Espírito Santo que nos é dado na Eucaristia, assim aprenderemos a amar sem egoísmo, inveja, sem discriminação, sem interesses, saberemos perdoar aqueles que nos ofenderam. Enfim, colocaremos nossa vida a serviço, doando-a a nossos irmãos, e seremos conhecidos como discípulos do Senhor, e faremos aqui na terra uma civilização do amor, para no fim de nossas vidas sermos julgados pelo amor, e podermos habitar como Deus de amor, na pátria do amor. Louvado seja, o Deus que tanto nos amou!


sábado, 20 de abril de 2013

EU CONHEÇO AS MINHAS OVELHAS


Caríssimos irmãos e irmãs

Reunimos na fé neste 4º Domingo da Páscoa, que é denominado, o Domingo do Pastor, porque é na Páscoa, que nós experimentamos o Bom Pastor Jesus, dando a sua vida por nós suas ovelhas, vencendo a morte e ressurgindo ao terceiro dia. Toda Eucaristia é um encontro entre Jesus Pastor e nós as suas ovelhas.

A Segunda leitura nos fala desta realidade. Vejam, vemos uma grande multidão de povos, línguas e nações, ou seja, todo o povo de Deus, que revestido de branco, vem da grande tribulação. E se prostram diante do Trono do Cordeiro (Ap 7,9.14). Quem é esta multidão? Eram os mártires, e hoje somos nós, amados irmãos e irmãs, fomos revestidos da veste da pureza em nosso batismo e da vida nova de ressurreição, aqui estamos, sobrecarregados das tribulações, sofrimentos e angústias da vida; para diante do altar do Cordeiro, oferecer nossas preces e orações, mas também, prostramos nossa vida e nossos corações feridos e cansados. E o Bonito é que Jesus o Cordeiro imolado prepara uma tenda (Ap 7,15), na qual aquela multidão e hoje nós, possamos encontrar abrigo, refúgio e descanso. E Esta tenda é esta Igreja, aqui é o redil, onde todos nós suas ovelhas, somos apascentadas pelo Bom Pastor Jesus. Em seu amor de Pastor ele cura nossas aflições, feridas, medos, desesperos, e enxuga as nossas lágrimas de dor e tristeza, tirando-nos do deserto de uma vida atribulada, seca, vazia de felicidade e nos conduzindo as fontes de água viva, da vida nova e feliz. E nos alimentando com a sua própria vida, seu Corpo e Sangue doados por amor no sacrifício da cruz.

O Evangelho ainda continua nos mostrando a relação de amor entre Jesus, Bom pastor e nós as suas ovelhas. Reparem, se é verdade que Jesus anseia por nos dar uma vida feliz, a vida eterna. É mais verdade ainda que ele pede de nós uma única coisa: escutar a sua voz! Assim dizia Jesus no início do Evangelho: “as minhas ovelhas escutam a minha voz”. Se Jesus assim fala é porque existiam muitas pessoas de seu tempo, que não acreditavam nele, que não escutavam a sua voz, abandonaram a Ele, entregando as suas vidas a outros pastores, que na verdade são mercenários, salteadores de um vida feliz.

Hoje quantos de nós muitas vezes em nossa vida, não escutamos a voz de Jesus, nos fechamos em nosso interior, preferimos ouvir as vozes do pecado, do mundo, ou procurar falsos pastores que nos prometem uma felicidade passageira. E Deste modo, abandonamos o redil de Jesus, saímos como ovelhas desgarradas, no campo deserto deste mundo, à procura de outros redis, e, por conseguinte, acabamos caindo no “vale tenebroso” (Sl 23, 4) da infelicidade, da depressão, de um coração sombrio, deprimido, desesperado. Se em teu coração existe um vale de morte, um sentimento de morte, de vazio, de falta de esperança. Abre os teus ouvidos, abre o teu coração, para escutardes a voz do teu Senhor, do teu Deus, do teu Pastor, que diz: Tu és meu, eu estou contigo, nada e nem ninguém, nem sofrimento, angústia, dor, tribulação podem te separar, pode te arrancar de minhas mãos.

Sim, amados irmãos e irmãs, Jesus, “ele conhece as suas ovelhas” (Jo 10,27), Ele conhece o nosso nome, sabe das nossas necessidades, do que passamos, de nossas misérias, sabe o que está no mais profundo de nosso coração, porque Ele é o “Pastor de nossas almas” (1Pd 1,28). Quando estamos perdidos no abismo da morte, Ele vai ao nosso encontro e nos salva, nos traz em seus ombros, como levou em seus ombros a cruz, imagem de nossa vida marcada pelo pecado. Jesus nos retira do abismo da morte para nos conduzir às verdes pastagens, ou seja, a vida eterna, a vida feliz, a vida em abundância.

Por fim, para caminharmos ao aprisco da felicidade, só existe um caminho e uma porta: Jesus. Sigamos, unicamente a Jesus, o Bom Pastor, não entreguemos nossa vida a outros pastores. Diante de tantos pastores que se apresentam em nossa história, como sabermos quem é o verdadeiro pastor? O Pastor Verdadeiro que é Bom e Belo, que nos atrai em seu amor, é aquele que dá a sua vida pelas ovelhas, que não foge, deixando-as no vale da morte, mas que enfrenta os perigos, vence os lobos deste mundo que querem devorar as ovelhas, oferecendo a sua vida por elas. O Verdadeiro Pastor é Jesus. Foi Ele que deu a sua vida por nós na cruz, nos arrancou das garras do tentador, nos livrou do abismo do pecado, e em sua ressurreição nos deu a vida eterna. Portanto, coloquemos nossas vidas em seus passos, unamos nossos corações ao dele, pois Ele é o nosso Pastor e nós somos seu povo e seu rebanho. Se temos Jesus nada nos faltará, porque o Senhor está conosco, e isso nos basta para sermos felizes. Amém!

sábado, 13 de abril de 2013

"PEDRO, TU ME AMAS?" - Renovar o chamado


Queridos filhos e filhas da Igreja

A liturgia deste 3º Domingo pascal é um convite que Jesus nos faz a renovarmos o nosso amor por Ele. Ele nos ama e não desiste de nós, mesmo que o abandonemos ele vem ao nosso encontro para nos chamar sempre e de novo.

O evangelho que escutamos nos relata mais uma aparição do Senhor Ressuscitado, ele se manifesta aos seus discípulos no lago de Tiberíades. E reparem que coisa interessante, os discípulos estavam pescando, e “era de noite”, eles tinham voltado à vida antiga, antes de conhecer Jesus. E vejam, retornar a vida antiga sem Deus é só encontrar fracasso, desilusão, medo, frustração, é viver uma vida na escuridão, por isso que os discípulos nada pescaram. Mas até na escuridão de nossos sofrimentos, Deus está sempre presente, para iluminar nossas trevas com a luz de um novo dia, por isso que “ao amanhecer estava Jesus de pé na margem”. E agora Jesus mostra aos seus discípulos, e hoje a nós, que sem Ele nossa vida é um fracasso, ele chama-nos para voltarmos ao primeiro amor, por isso diz aos discípulos, palavras tão semelhantes quanto aquelas primeiras quando os chamou: “lançai as vossas redes” e o milagre aconteceu as redes se encheram de 153 grandes peixes. Mas vejam, só consegue ver o Senhor em meio a escuridão de nossa vida, quem o ama de verdade, por isso o discípulo amado logo proclamou a sua fé e o reconheceu: “É o Senhor”.

O interessante é que Simão ao ouvir que era o Senhor, logo atirou-se no mar, e vejam, certamente Simão Pedro teve o seu coração tocado e ao ouvir o convite, se lembrou das palavras de Jesus quando ele o chamou a primeira vez: “Pedro, lançai as redes avança para águas mais profundas”. A atitude de Pedro é de alguém que sente ter traído o Senhor e deseja fazer o caminho de volta, a nudez de Pedro é sinal de sua vergonha de não ter amado o Senhor Jesus que o amou desde sempre. Pedro é imagem de todos nós que traímos Jesus quando trocamos o seu amor por outros amores.

Todavia, amados irmãos e irmãs, Jesus vai provar a Pedro que mesmo sendo traído, Ele não desiste de Pedro. E vai convidá-lo a renovar o seu amor e seu seguimento. Reparem, quando os discípulos pisaram a terra, viram brasas com peixe em cima, e pão. E isto é muito revelador, será nesta refeição que o Senhor como um servo oferece o seu alimento, o seu amor aos seus, imagem de seu banquete de amor que é a Eucaristia, neste banquete Jesus convida a Pedro e a cada um de nós a renovarmos o nosso amor por ele.

A fogueira que esta acesa, nos lembra outra fogueira na qual diante dela Pedro traiu o Senhor, abrasado pelo fogo do medo, da fata de fé (Jo 18,18).  E será diante desta nova fogueira que o Senhor Jesus convidará  Pedro a abrasar seu coração com o fogo do amor, chamando-o de novo para segui-lo, renovando a sua vocação. Isso é tão verdade que Jesus quando chamou Pedro já tinha mudado o seu nome de Simão para Pedro, e agora é como se Jesus  estivesse a chama-lo de novo, estando Jesus a sós com Pedro que é imagem de cada um de nós, o Senhor o interroga: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”.
Jesus pede a ele um amor total, pleno, puro. Entretanto, Simão o responde com um amor de amigo: “Senhor tu sabes que eu te amo”.  Pedro responde ao Senhor com um amor de amigo e não com um amor total. Mas Jesus além de pedir o seu amor, dá-lhe uma missão: “apascenta o meus cordeiros, as minhas ovelhas”. Na terceira vez que Jesus o interroga, ele diz: “Simão, filho de João tu me amas?” Em palavras nossas, Jesus perguntou a Pedro: “você minha ama como amigo?” “você é meu amigo?”. È como se Jesus estivesse pondo em dúvida o amor de Pedro. Com isso, certamente Pedro lembrou que ele traiu o Senhor, e por isso fica triste e diz: “Senhor tu que conheces todas as coisas, bem sabes que eu te amo”. Pedro abre o seu coração para o Senhor que tudo sabe, que tudo conhece, sabe dos deslizes, fraquezas, traições. E mesmo assim, por misericórdia e amor Jesus confirma a missão de Pedro: “apascenta as minhas ovelhas”. E agora chama o novo Pedro: “Segue-me”.

Pedro agora ama tanto o Senhor que não teme as perseguições, os sacrifícios, as injúrias por pregar o nome do Senhor, tudo isso é “motivo de alegria” como escutamos na primeira leitura. Hoje o Senhor nos chama a renovarmos o nosso amor por ele, por isso olhemos para dentro de nós, e vejamos se nós o amamos mais que tudo? Qual é o espaço que ele ocupa na minha vida? Será que eu estou abandonando-o em meio aos sofrimentos? Creiamos irmãos e irmãs que quem ama a Deus não teme as dores e sofrimentos, pois ele está ao nosso lado, ele nos ama e sempre e de novo nos escolhe em sua misericórdia. Por isso Senhor, tu que és “o cordeiro imolado, te rendemos o louvor, a gloria e o poder, agora e para sempre”. Amém.


sábado, 6 de abril de 2013

A FÉ NA MISERICÓRDIA DIVINA


Amados irmãos e irmãs, com este domingo nós concluímos a Oitava da Páscoa, onde durante toda esta semana nós celebramos as alegrias da Ressurreição do Senhor como um único dia, “o dia que o Senhor fez para nós”. Deste modo hoje nós celebramos o Domingo da Misericórdia, porque os textos sagrados nos levam a compreender que o Senhor Ressuscitado vem ao nosso encontro para ser definitivamente o Centro de nossas vidas, e assim sendo curar nossas feridas, angústias, medos, e nossa falta de fé.

Na segunda leitura, S. João narra-nos uma visão que ele teve diante das perseguições e sofrimentos de sua vida e da comunidade, diz-nos Ele: “vi sete candelabros de ouro. 13No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um “filho de homem”, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito. Que bela imagem, tão cheia de esplendor e de glória! Quem é este homem? É Jesus, o Ressuscitado, o Vivente, o Senhor da História, o princípio e o fim de nossa vida. Que hoje aparece em nosso meio, nesta santa assembleia e nos diz: “Não tenhas medo”. Eu desejo ser o centro e o Senhor de tua vida sofrida, eu desejo entrar em teu coração e transformar as tuas dores em eterna alegria.

Observemos amados de Deus. Será que Cristo tem sido o centro de nossas vidas, de nossas famílias? Será que ele tem sido o nosso tudo? Ou o abandonamos em meio aos nossos sofrimentos por falta de uma fé mais firme?

O Evangelho, mostra-nos mais uma aparição do Senhor Ressuscitado, no primeiro dia da semana, o domingo, os discípulos estavam aprisionados no cenáculo com medo, mas também aprisionados interiormente em seus medos, angústias, aflições, fracos e sem esperança. E eis que o Ressuscitado aparece no meio deles e diz: “a paz esteja convosco”. Esta atitude de Jesus é muito rica de significado, Jesus deseja a paz, não como uma simples saudação, mas no desejo de conceder a seus discípulos a alegria, a felicidade que dissipa toda angústia e todo medo. A verdadeira paz é o próprio Senhor Ressuscitado que agora deseja estar para sempre no meio e dentro do coração e da vida daqueles discípulos. Escutemos também a voz do Senhor a ressoar em vossos corações, desejando-nos a sua paz que arranca de nós os sofrimentos e tribulações. Jesus ainda mostra-lhes as marcas de sua paixão, para dizer-lhes que Ele é o Senhor crucificado e ressuscitado. E que ele nos amou até o fim, dando sua própria vida em sacrifício pela nossa salvação. Estas santas chagas são sinais do meu amor e de minha misericórdia sem limites por vós.

Neste encontro com o Ressuscitado, faltava um discípulo: Tomé, e quando os outros lhe contaram para aparição do Ressuscitado, ele duvidou e não acreditou, precisava ver e tocar o corpo chagado de Jesus. Quantos de nós somos um verdadeiro Tomé, duvidamos das vindas de Deus em nossa vida, duvidamos que ele está ao nosso lado em nossas dores e sofrimentos; quantos de nós também não vacilamos na fé, duvidando do poder de Deus.

Mas, Jesus é cheio de amor e misericórdia vem ao encontro de Tomé e hoje de cada um de nós, para arrancar de nós a incredulidade. Por isso, no oitavo dia, apareceu a Tomé e disse: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. É como se Jesus dissesse: olha aqui meu corpo glorioso, mas ferido, põe teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Mãos que acalentaram, curaram, abençoaram, tocaram as feridas dos que sofriam, mas que protegem, mãos que se deixaram cravar no madeiro da cruz por amor a ti. Estende a tua mão e coloca-a profundamente em meu lado aberto, rasgado pela lança, donde jorraram sangue e água, fonte de vida nova, que sara as feridas de teu coração, porta estreita de tua salvação. Deste lado trespassado ó Tomé, ó povo santo de Deus, derramei meu amor e minha misericórdia por vós. Por isso, crê Tomé, sou eu, o teu Senhor, o crucificado e ressuscitado. Crê que estou contigo, eu sou tua alegria e a tua esperança.

Amados irmãos, estas palavras valem para nós, creiamos, nos abandonemos em Deus. Renovemos hoje a nossa fé e amor a Jesus, e como Tomé digamos: “Meu Senhor e meu Deus”. Todavia, se tu fraquejares, e abandonares o Senhor, duvidando de sua presença; se arrepende, busca a reconciliação com Ele, pois neste mesmo dia o Senhor deixou para a sua Igreja o admirável sacramento da reconciliação onde ele manifesta o seu eterno amor e a sua infinita misericórdia por todos nós: soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Assim receberás a vida nova e poderás  experimentar a misericórdia de Deus que cura tuas feridas, e poderás com muita fé dizer ao Senhor: “Senhor eu confio em vós, pois tua misericórdia é eterna. Amém

sábado, 30 de março de 2013

Vigília Pascal - A Noite de nossa Salvação


Amados filhos e filhas

Esta noite sagrada de páscoa, é a noite da esperança, noite da alegria, noite da nossa salvação e redenção. Noite santa na qual Jesus ressuscitou dos mortos, ele que se fez vítima morrendo na cruz, agora ressurge para nos libertar das trevas que envolviam nossos corações, nos tornado escravos de nossos pecados, e  para nos dar a vida nova, fazendo-nos novas criaturas em seu amor.

É interessante nós contemplarmos esta vida nova que Jesus Ressuscitado nos concede, a partir daquele rito que nós vivemos no início desta celebração, quando diante do fogo novo e purificador, a escuridão na qual se encontrava esta igreja, imagem do mundo em que vivemos, mas também de nosso coração, tão sombrio, pelos nossos sofrimentos, dores e angústias, mas, sobretudo, pelos nossos pecados; foi sendo invadida pela Luz desta grande vela, o círio pascal, imagem do Senhor Ressuscitado que veio trazer para nós luz e vida nova.

Ao passo que fomos acendendo nossas humildes velas na luz da Grande vela Pascal, cremos que a escuridão de nossos corações foi sendo dissipada pelo esplendor fulgurante da Luz verdadeira que é Jesus, e neste simples gesto vamos compreendendo que a escuridão de nossa vida, a noite escura de nossos sofrimentos se tornou luz, porque agora nos unimos a Jesus Ressuscitado. Por isso que nesta noite do mais profundo de nossos corações podemos exultar de alegria e cantar o aleluia, pois em nossas pobres vidas, Deus fez brilhar o esplendor de sua glória.  

Esta solene vigília acontece na noite não por acaso, mas porque foi sempre na noite que Deus revelou a sua salvação, as suas maravilhas e seu admirável poder e amor. É no silêncio da noite, que Deus age em seu poder silencioso.

Reparem, quando Deus criou o mundo, era noite, pois “as trevas cobriam a terra”; era noite quando Deus libertou o povo da escravidão do Egito, no grande êxodo; era noite quando o menino Deus nasceu em Belém (Lc 2,8); era noite quando o Senhor Jesus morreu na cruz (Mt 27,45). Quando o Senhor desceu a mansão dos mortos como morto, encontrou a noite da escuridão do sepulcro. E é nesta que o Senhor ressurgirá vencendo a morte e o pecado. Assim nós cantamos no Exultet: “ó Noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor, de que nos valeria ter nascido, senão, nos resgatasse em seu amor” . E era noite, ou seja, de madrugada, quando o Senhor ressuscitou (Lc 24,1) aquele que estava morto agora está vivo, ressuscitou!

Por isso, só a noite, soube a hora e o momento no qual o Senhor Ressuscitou. Portanto, neste dia da Ressurreição, Deixai ó querido irmão, querida irmã que o Senhor ressuscitado adentre na noite escura de teu coração, tão sofrido, tão angustiado pelas dores da tua vida vida, deixai que o Senhor ressuscitado entre na escuridão da tua família, deixai que o Senhor entre na escuridão de tua casa. Deixai com que o Senhor te ressuscite de teus sofrimentos, e recebe hoje dele a vida nova e feliz. Amém.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

O MISTÉRIO DA TRANSFIGURAÇÃO


Caríssimos irmãos e irmãs, no domingo passando estávamos espiritualmente no deserto com Jesus, quando ele foi tentado, prenúncio de seu combate com o tentador na cruz. Hoje Jesus nos convida a subir com ele para o monte, onde lá ele revelará a glória de sua divindade, em sua transfiguração, prenúncio de sua ressurreição.

No evangelho, Jesus toma três de seus discípulos: Pedro, Tiago e João, e sobe a montanha com eles para rezar. Primeiro, leva somente os três porque serão eles a conduzir a Igreja nascente, mas também, porque revelando a sua glória deseja fortalecer a fé, e o coração de cada um deles para poderem enfrentar com coragem todo o sofrimento da cruz. Jesus sobe com eles a montanha, o Monte Tabor.  E vejam, o monte é sempre o lugar do encontro íntimo e pessoal com Deus, lugar da revelação de Deus, lá se respira não somente o ar puro da criação, mas sobretudo, o ar do Espírito de Deus, por isso o monte se revela como o lugar da oração. E foi justamente enquanto Jesus rezava que Ele foi transfigurado, seu rosto mudou de aparência, “resplandeceu como o sol” (Mt 17,2), e sua roupa  ficou muito branca e brilhante, “alva como a Luz” (Mt 17,2). 

Diante deste esplendor de glória nós compreendemos que a Transfiguração de Jesus foi fruto de sua oração, de sua intimidade com o seu Deus e Pai, intimamente unido a Ele, pôde desta união tão profunda, irradiar sobre sua humanidade, a luz da glória de Deus, pôde revelar o mais profundo daquilo que ele é: Deus de Deus, Luz da luz. Ele não somente foi envolvido pela luz, mas Ele mesmo é a Luz. Seu rosto brilha porque ele é a imagem, “o esplendor da glória do Pai” (Hb 1,3). Todavia,  as vestes dele que ficaram brancas e reluzentes são imagem da veste dos eleitos, dos redimidos, daqueles que foram lavados no batismo, e que foram e serão lavados pela paixão e morte, como nos diz o apocalipse de S. João: “aqueles que lavaram suas vestes no sangue do cordeiro” (Ap 7,14).

Estando Jesus transfigurado, eis que aparecem conversando com ele, Moisés e Elias, o primeiro é imagem da Lei, que Jesus veio aperfeiçoar, o segundo é imagem dos profetas que anunciam o Cristo. Eles conversam com Jesus, sobre um assunto de grande importância, sobre o seu êxodo, a sua partida, o seu sofrimento e morte, sua partida para a terra prometida da cruz e da ressurreição. Reparem amados irmãos e irmãs, o Sacrifício de Cristo na cruz, selará a nova e eterna aliança entre Deus e a humanidade, onde o próprio Jesus se deixará ser partido, no verdadeiro sacrifício, consumido pelo fogo do Espírito (Hb 9,14). Daí nós entendemos o sentido pleno do sacrifício de aliança de Abraão na primeira leitura, onde os animais foram partidos e trespassados pelo fogo de Deus. Portanto, a presença de Moisés e Elias na transfiguração, falando sobre a morte de Jesus, indica que as Escrituras atestam que Jesus deve sofrer, carregar a cruz, morrer, ressuscitar para entrar na glória, e ela só tem um caminho, a Cruz.

Por conseguinte, Pedro, Tiago e João estavam dormindo, e quando acordam experimentam não o fato, mas o resultado do acontecimento, não viram a transfiguração, viram o transfigurado. Pois, bem, perante este esplendor, Pedro faz um apelo a Jesus: “Mestre é bom estarmos aqui, vamos fazer três tendas, uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”. Este apelo de Pedro, na verdade revela que ele não sabia o que estava dizendo. Vejam, Pedro queria estar ali, quase como que preso a esta luz passageira; entretanto, havia uma glória maior a ser experimentada, a glória que passa pela cruz, a Ressurreição. E por meio da ressurreição, aí sim ele e nós, habitaremos numa tenda não humana, terrena, mas numa tenda celeste, onde o Senhor Jesus Ressuscitado e assunto ao céu, sobe ao Pai para preparar a nossa verdadeira Tenda, a nossa morada verdadeira e definitiva, o céu.

Esta verdade nos foi dita por São Paulo na segunda leitura: “nós porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso salvador, o senhor, Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso”.  Portanto, a transfiguração de Jesus, abre uma para a nossa transfiguração.

Pedro, na verdade, não se deu conta de que na terra, junto dele, já havia uma tenda, Jesus, “O Verbo se fez carne e armou a sua tenda em nosso meio” (Jo 1,14). Por isso que como a nuvem de Deus, imagem de sua presença envolveu a tenda de Deus no antigo testamento (Ex 33,10), agora a nuvem, envolve a verdadeira tenda que revela Deus aos homens, Jesus. E é justamente desta nuvem que se ouve uma voz revelando quem é Ele é: “Este é meu filho amado, escutai o que ele diz”. Jesus é o amado do Pai, aquele que foi enviado ao mundo para salvar a humanidade. No antigo testamento, Moisés na montanha recebeu a Lei, a Palavra de Deus, agora no Novo testamento, Jesus, o Novo Moisés, é a verdadeira Palavra de Deus, que guia a nossa vida, e por isso devemos escutar o que ele diz. Mas o que ele nos diz, como palavra de verdade que muda o rumo de nossa vida?: “se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. É somente seguindo Jesus no caminho da cruz, que nós experimentaremos a verdadeira glória, a ressurreição, a nossa transfiguração. Amém! 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A BARCA DE PEDRO É A NOSSA BARCA

Caros irmãos e irmãs, nesta liturgia dominical somos chamados a refletir sobre o chamado que Deus faz a cada um de nós para sermos seus discípulos.

Na primeira leitura, vemos a vocação de Isaías, ele aos 14 anos de idade, um jovenzinho, estava no Templo rezando quando Deus se revela cheio de glória em toda a sua onipotência e santidade, é um Deus tremendo, fascinante e santíssimo. Diante deste Deus santo, Isaías se reconhece indigno, pecador, e por isso com humildade sincera reconhece sua pobreza: “Ai de mim estou perdido, sou um homem de lábios impuros”. Em palavras nossas, era como se aquele jovenzinho tivesse dito: eu não sou digno! Sou um mísero pecador! Mas Deus o quer mesmo assim, e por isso enviou o anjo para o purificar, preparando a sua vida para Deus, e depois lhe faz o convite: “Quem enviarei?”; e assim Isaías prontamente, mesmo sem saber para onde vai, acolhe o convite de Deus, dizendo: “aqui estou! envia-me! Minha é toda tua, meus sonhos, planos, és tu Senhor quem a conduzirás.

No evangelho vemos o chamado que Jesus faz a Simão. E vejam, Deus quando chama os seus, ele não somente passa pelo Templo, ele passa também pelo quotidiano de nossas vidas, tocando o chão de nossa história, vem na simplicidade e humildade de nossa existência, porque foi aos pecadores que ele veio chamar para serem seus discípulos. Por isso, Jesus ao passar pelas margens do lago de Genesaré, encontra Simão, simples pescador, homem rude e pobre, que estava em seu trabalho, lavando as redes e estendendo-as para secar à beira mar depois de um longo dia de trabalho, estava no lugar de seus sonhos e projetos. Agora o Senhor deseja fazer dele seu discípulo, mudando o rumo de sua vida.

Por isso que ele escolhe a barca de Simão, imagem de sua vida, mas também da Igreja, nela ele sobe, e depois se senta como um Verdadeiro Mestre e começa a ensinar, a mostrar o rumo da vida nova e feliz. A Barca de Simão, é a imagem da minha existência e da tua, é a barca de nossa vida sofrida na qual o Senhor deseja dar um novo rumo, fazendo com que a gente sai da vida superficial, e mergulhemos na profundidade do oceano da vida com Deus, onde ele mesmo é o Dono de nossa embarcação.

Jesus, depois de ensinar a Palavra, faz um convite a Simão: “faze-te ao largo, e joga as redes”. Este precioso convite de Jesus quer revelar duas coisas: que Ele não engana a quem ele chama, e que a lógica dele é diferente da nossa, por isso deveremos morrer para nós mesmos a fim de sermos unicamente dele. Pois bem, ao convite de Jesus, Simão a princípio hesita, e diz: “Mestre trabalhamos a noite inteira, e nada pescamos”. Simão percebe que aquele era um pedido ilógico, uma vez que o horário ideal para a pesca era à noite, se ali eles não apanhassem nada, durante o dia seria em vão. Por trás destas palavras estão os questionamentos que colocamos para muitas vezes não seguir a Jesus, será que vale a pena escutar a voz deste homem? Porque tudo parece mais fácil do nosso jeito.   Entretanto, Simão obedece às palavras de Jesus, “em atenção à tua Palavra eu lançarei as redes”.

E Eis que uma grande pesca milagrosa aconteceu! Causando espanto e temor, a ponto de Pedro ter a certeza de que aquele homem não engana, suas palavras são verdadeiras, Ele não é somente um Mestre, Ele é o próprio Deus, por isso que Simão, vendo a grandeza deste homem, e a sua pequenez, atira-se aos pés de Jesus, dizendo: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador!”. São as mesmas palavras de Isaías: “Ai de mim”. Simão com uma humilde e sincera profissão de fé, reconhece que Jesus é o próprio Deus, por isso chama-o de Senhor (Kyrios). E portanto, se vê indigno de estar diante dele, suas misérias o impedem de segui-lo. Nós também amados irmãos e irmãs deveremos sempre estar prontos a acreditar nas palavras santas de Nosso Senhor, elas são cheias de graça e verdade, e a sempre reconhecermos que somos pequenos diante de Deus.

Mas diante da miséria e pobreza de Simão, Jesus o quer desta forma, porque Ele veio chamar os pecadores, por isso lhe faz um convite, e hoje também a cada um de nós: “Não Tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”. O Senhor Jesus quer fazer dele e de nós seus discípulos, quer que nós adentremos sem medo nas águas profundas e escuras do mar  bravio da vida, neste mundo afundado no pecado e na falta de fé, e salvemos muitos homens da morte, e os reconduzamos ao caminho da vida.

Irmãos e irmãs, não tenhamos medo desta grande missão, tenhamos a coragem de morrer para nós mesmos a fim de sermos todo de Deus, a fazer como Simão e seus companheiros: “Deixaram tudo e o seguiram”. Quem segue a Jesus não perde nada, mas ganha o Tudo, a vida feliz; não tenhamos medo de nossas fraquezas e misérias, mas nos confiemos inteiramente na graça de Deus que é maior e mais forte do que nós, como nos dizia S. Paulo na segunda leitura: “Sou o menor... e é pela graça de Deus que sou o que sou, sua graça comigo não foi estéril”. Assim seja!

sábado, 26 de janeiro de 2013

JESUS: A PALAVRA QUE DÁ VIDA A NOSSA VIDA.

Queridos irmãos e irmãs nesta celebração eucarística recebemos de Deus o convite de descobrirmos em profundidade toda a beleza e a riqueza de sua Palavra, que é cheia de amor e de verdade, somos impulsionados na fé pelas belas palavras do salmista: “vossas palavras Senhor, são Espírito e vida... alegria ao coração”.

A primeira leitura nos mostra o sacerdote Esdras que reúne uma comunidade de homens, mulheres e crianças em assembleia litúrgica para escutar a Palavra de Deus, manifesta na Lei; e esta comunidade de homens esta marcada pela dor, pelo sofrimento, pela falta de esperança, sem ânimo, estava na escravidão e agora regressando à sua terra, deve reconstruí-la, assim também como sua fé. O sacerdote Esdras dirigirá uma palavra de ânimo a esta comunidade; Ele se coloca de pé, num púlpito, e abre o livro da Lei,  bendiz a Deus, e o povo se coloca de pé, aclama com louvores, e presta toda reverência a Deus e à sua Palavra, esta palavra é explicada ao povo que a escuta atentamente e a compreende, a  ponto daquela santa Palavra tocar a vida, o coração e a história, às feridas que ele tinha, fazendo-o chorar de tristeza, mas ao mesmo tempo o povo era chamado a se alegrar porque Deus em sua palavra era a força para o recomeço de uma vida nova.

Vejam irmãos na fé, hoje, aquela comunidade somos nós, novo povo de Deus, derrotado pelas dores da vida sofrida, que nos reunimos na fé, para também escutar a palavra de Deus. O sacerdote na missa no lugar mais alto, abre para nós o livro sagrado, esse gesto é muito significativo, é como se ele estivesse a abrir as portas do coração de Deus, para revelar a cada um de nós os tesouros de nossa salvação, as pérolas da vida feliz e plena que Deus anseia por nos dar. É por isso que devemos sempre estar atentos à escuta da Palavra, acolhendo-a com piedade, reverência, santo temor, abrindo os ouvidos exteriores e interiores, silenciando para que o único som que ressoe em nós, seja a voz de Deus.

Deveremos sempre abrir nosso interior e deixar com que esta palavra cheia de verdade fira nosso coração, rasgando-o, arrancando de nós tudo aquilo que nos afasta de Deus, fazendo com que nós venhamos a chorar os nossos erros e pecados, para que também como o povo, experimentemos hoje, no dia consagrado por Deus a nós, a alegria e a força de com o coração e a vida transformados vivermos um tempo novo.

Todavia, esta Palavra que outrora era o centro da vida do povo, e que hoje deve ser de cada um de nós, ela é mais do que palavras escritas, tem um nome, e encontra sentido numa pessoa que se chama Jesus, de modo que toda a Escritura aponta para Ele. É isto que o evangelho deseja nos mostrar. Reparem, o evangelho de São Lucas que fora dirigido a Teófilo (amigo de Deus) e hoje é dirigido a nós que aqui estamos, e somos os amigos de Deus, nos mostra o início da missão de Jesus, ele cheio do Espírito Santo sai a anunciar a palavra de Deus por toda parte, e todos ficam fascinados por esta palavra que sai de sua boca, isto não acontece por acaso, mas porque esta palavra é viva e eficaz, transforma o coração daqueles que a ouvem.

Agora, Jesus está em sua cidade natal Nazaré e adentra na Sinagoga, e lá lhe dão o livro, ele de pé, o abre e lê a profecia de Isaías, que diz:  “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.

Ao ler estas palavras e assumindo-as, para si, Jesus se revela como o verdadeiro Ungido de Deus, cheio do Espírito Santo, o Messias Salvador, que não somente anuncia a Boa Nova, mas Ele mesmo é a Boa Nova, é a Palavra de Deus que veio dar vida aos que sofrem.  Por isso que Ele diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”. Deveras, é em Jesus que nós encontramos o sentido pleno da sagrada Escritura, por isso que só ele é digno e tem o poder de abrir, fechar, e de revelar para nós a palavra de Deus. Mas, também Jesus, porque veio anunciar esta palavra a nós, pobres, carentes, necessitados, Ele é a chave que abre as nossas vidas, dando sentido a nossa história, arrancando-nos dos nossos sofrimentos e nos concedendo a graça de uma vida feliz e santa.

Sejamos dóceis a esta Palavra, abramos nossos corações para acolhê-la e nos deixemos tocar por ela, e dela nos alimentemos no hoje de nossas vidas, para que como nos diz São Paulo na segunda leitura: cresçamos na unidade com Cristo na força de seu Espírito, formando com Ele um só corpo, nós nele e Ele em nós. Amém!


sábado, 19 de janeiro de 2013

O MISTÉRIO DAS BODAS DE CANÁ

Caros irmãos e irmãs, a liturgia deste 2º domingo do tempo Comum é um convite a cada um de nós, a experimentarmos o amor de Deus que deseja realizar conosco um matrimônio espiritual.

Deus nos escolheu, criou-nos com amor e no amor para estabelecer conosco uma aliança, desde sempre ele deseja unir-se a nós, como um esposo que se une à sua esposa, tecendo-a com amor. É bem verdade que assim como o povo de Israel foi infiel e abandonou a Deus, nós também, em virtude dos nossos pecados lhe somos infiéis. Todavia, Ele, movido por amor nos acolhe, não nos deixa abandonados, se agrada de nós, somos como uma jóia, uma pérola, uma coroa aos seus olhos, somos sua alegria, e por isso ele deseja desposar-nos eternamente, assim nos mostrava a primeira leitura: “como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria do teu Deus”. (Is 62,5).

No evangelho desta liturgia que é o conhecido milagre das Bodas de Caná, temos a simbologia deste amor de Deus manifestado como um matrimônio. Vejam, este relato tem como fim ser um sinal, “este foi o início dos sinais de Jesus” (Jo 2,11), quer nos revelar algo muito maior do que uma simples transformação de água em vinho. Vamos deixar com que Deus revele para nós este sinal. Reparem, o evangelho começa dizendo-nos que Jesus foi convidado para uma festa de casamento, junto com a sua mãe e seus discípulos. Entretanto, um fato interessante envolve este casamento, é que não é citado em nenhum momento nem o nome do noivo e nem da noiva, isto não é por acaso, é um primeiro sinal, isto indica que Deus é o noivo, e nós, a humanidade sofrida, eu e você somos a noiva, somos chamados a compreender que estas bodas são entre nós e Deus.  

Indo adiante, sabemos que todo casamento acontece num dia determinado, por isso nos perguntemos: em que dia este casamento aconteceu? No Evangelho foi omitido o pequeno trecho que traz esta indicação, mas traremos à luz tal fato, este casamento aconteceu “no terceiro dia” (Jo 2,1). E este dado é muito significativo para nós. Antes deste casamento já se tinham passados quatro dias em que fora anunciado que o Verbo se fez carne e habitou em nosso meio (Jo 1, 29.35.43), portanto, este casamento se deu no sétimo dia, ou seja, num dia de sábado, e como bem sabemos, o sábado foi o dia em que Deus completou a obra da criação (Gn 2,2). Agora, este casamento em dia de sábado, quer recordar para nós que pela Encarnação do Filho de Deus, o ser humano foi recriado, dá-se início a nova criação, o momento em que Deus se uniu ao homem; em Jesus, Deus, desposou a humanidade, com ela celebrou as suas núpcias que serão consumadas na cruz.

Pois bem, durante a festa algo inesperado acontece: O Vinho acabou! Era algo impossível de acontecer porque a festa de bodas durava cerca de oito dias, e o vinho era em fartura. É bom lembrarmos que o Vinho é sinal da alegria, da felicidade e do amor; agora os convivas estão carentes, a festa parece ter chegado ao fim. Nós podemos também olhar para a nossa vida e nos perguntarmos: qual é o vinho que está faltando? É a alegria? O amor? A paz? O perdão? A felicidade? Por conseguinte, este vinho que acabou é, sobretudo, o nosso amor para com Deus, que por ser limitado muitas vezes vai acabando, ao passo que vamos fechando o nosso coração, em virtude de nossos pecados e, portanto, vamos sendo infiéis a Deus, acabamos por estar com o coração endurecido, petrificado, e isto é visível no símbolo das talhas onde estava o vinho que eram de pedra.

Mas o belo de tudo é que quando nós pensamos que tudo está acabado, sem solução, e que a nossa comunhão com Deus chegou ao fim, eis que Maria vem em nosso socorro, intercede por nós, como outrora ela fez nas bodas, ela leva ao seu Filho Jesus as nossas necessidades, e suplica-lhes: “Eles não tem mais vinho”.  E Jesus, acolhe a súplica de sua mãe e lhe diz: “Mulher, porque dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”. Esta resposta de Jesus é muito reveladora,  para muitos parece um fora, uma palavra ignorante ou uma recusa a fazer o milagre, como se Jesus estivesse rejeitando o apelo de sua mãe. Na verdade, Jesus faz ver que sua mãe é a Nova Eva, por isso a chama de Mulher, pois ela traz ao mundo o autor da nossa salvação, esta Mulher é a mãe dos viventes.  E quando Ele diz:  “a minha hora não chegou”. Esta hora que ainda não chegou, é a Cruz, a sua paixão, é lá que o Senhor Jesus vai manifestar a sua glória, vai oferecer o vinho novo e verdadeiro que é o seu sangue para toda a humanidade.

Todavia, Maria crê, porque conhece o seu Filho, e por isso, diz aos serventes: “fazei tudo o que ele vos disser”. Estas palavras de Maria são um convite aos servidores e a nós a fazermos a vontade de Jesus, é um chamado à fé; e palavras nossas era como se Maria tivesse dito: acreditai em Jesus! Acreditai que Ele é o Senhor que tudo pode! E Jesus impulsionado pelas palavras suplicantes de sua mãe, se dirige aos servidores e diz: “Enchei às talhas de água” e “eles encheram até a borda”. O interessante aqui é que haviam seis talhas de pedra, estas seis talhas de pedra representam como disse o nosso coração que muitas vezes se encontra endurecido, como uma pedra, vazio do amor de Deus, revela a nossa limitação, nossa imperfeição, por isso aparece o número 6 = imperfeição.

É muito revelador, o fato de que Jesus poderia ter feito logo surgir o vinho, mas pediu que as talhas fossem enchidas de água. Na visão de Sto. Tomás estas águas são imagem de nossas lágrimas derramadas em arrependimento por nossos pecados, era como se Jesus dissesse a nós: derrame as tuas lágrimas de arrependimento por teus pecados, pois eu mudarei o teu sofrimento em alegria sem fim, eu te darei um vinho novo.  Por isso que diante daquelas 6 talhas de pedra, está na verdade uma sétima talha de Pedra (7 é o número da perfeição): Jesus, é ele que nos oferece o verdadeiro vinho, o vinho melhor e em abundância. E eis que o milagre aconteceu: a água se transformou em vinho da melhor qualidade e de grande quantidade cerca de 600 litros, em Caná a sua glória se manifestou e os seus discípulos creram nele.

Este milagre é um anúncio da grande hora de glória que virá, a Cruz e a Ressurreição, lá as bodas de Deus conosco será consumada, lá estará Maria,  como no início da missão de seu Filho; e em Cristo Crucificado, a 7 talha de pedra, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a Pedra angular, a rocha de nossa salvação, que terá o seu lado aberto na cruz,  do qual  jorrará de seu coração: sangue e água, que  Jesus concederá para nós o vinho que alegra o coração do homem, o seu sangue redentor é o vinho verdadeiro, novo e melhor é o seu amor  dado a nós em abundância.

Amados irmãos e irmãs, dentro em breve nos alimentaremos do sangue eucarístico de Jesus, o vinho novo e melhor, que pela força desta bebida de salvação, nos unamos sempre mais a Deus, e que fortalecidos por seu amor, vivamos a ele num verdadeiro e eterno matrimônio espiritual, nós nele e Ele em nós. Que assim seja!