sábado, 22 de fevereiro de 2014

SEDE PERFEITOS NO AMOR

Queridos irmãos e irmãs em Cristo

Na liturgia deste 7º Domingo Comum, Deus nos chama à santidade a partir do amor ao próximo.

Já na primeira leitura nós vemos Deus falando a Moisés, convidando toda a comunidade de Israel a estar mais unida a Ele, a partir da vivência da santidade, quando diz: “sede santos, porque eu, o Senhor sou santo”. Vejam, Deus é o Santo, e porque Ele escolheu o seu povo para viver uma aliança de amor, Ele convida este povo a ser como Ele, ou seja, a estar unido a Ele, a imitá-lo, a participar de sua vida santa. De fato, este sempre foi o desejo de Deus, desde quando criou a humanidade: “Ele nos fez para sermos santos e irrepreensíveis” (Ef 1,4). Todavia, o que é ser santo? Reparem, ser santo, é ser separado, consagrado inteiramente a Deus.  Portanto, eu vivo o dom da santidade quando eu me ofereço por inteiro a Deus, a fim de viver em profunda comunhão com Ele.

Entretanto, viver o dom da santidade é não somente se abrir por inteiro a Deus, mas também, ter os sentimentos de Deus no convívio com o próximo, sobretudo, nos momentos mais difíceis. Por isso, eu me santifico quando no relacionamento com os outros, “não tenho ódio no coração... não procuro vingança, nem guardar rancor”. Mas com humildade busco corrigi-los, repreendê-los fraternalmente, “amando-os como a mim mesmo”, porque eles são a imagem e semelhança de Deus, e por isso, dignos de amor.

No Evangelho, Jesus, em seu sermão da montanha, depois de ter anunciado a nova Lei, a Lei do amor. Também chama os seus discípulos e a nós à perfeição da santidade: “sede perfeitos como vosso pai celeste é perfeito”. A partir da prática da Lei do amor, a qual Ele veio pôr em nossas vidas e em nossos corações.

Primeira coisa que Jesus faz, é corrigir mais uma vez uma lei de seu tempo, a “LEI DE TALIÃO”, que dizia: “olho por olho, dente por dente” (Lv 24,20). Esta lei se praticava para diminuir um pouco a vingança, e, por conseguinte, a violência. Entretanto, a Lei de Jesus, ou melhor, o próprio Jesus não veio para propagar a violência, nem a vingança, e sim a paz; Jesus é o príncipe da paz, aquele que “veio vencer o mal com o bem”(Sl 35,11-13). Por isso, Ele ensina aos seus discípulos que por mais difíceis que sejam as situações, a não retribuírem com vingança o mal praticado “não enfrenteis quem é malvado”, mas a viverem o dom do amor sem medidas.

Por isso, encontramos Jesus a nos ensinar como outrora ensinou aos discípulos que agora não deveremos somente amar o nosso próximo, mas Ele nos diz: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem”. Esta é a novidade que Jesus trouxe para a humanidade, viver o dom do amor, da misericórdia, da compaixão até mesmo com os que nos odeiam, nos machucam, ofendem e perseguem. Assim, a melhor forma de amá-los é rezando por eles, os confiando a Deus. Não podemos encontrar aqui um grande obstáculo, mas sim um meio eficaz de se alcançar a santidade. Desse modo, eu não posso odiar  este irmão porque ele é filho do mesmo Deus, e, por conseguinte, o próprio Deus em seu Filho Jesus amou os seus inimigos, rezando por eles e perdoando-os. Se assim agirmos, estaremos “nos tornando de fato Filhos do Pai que está nos céus”; ser santo é viver como filho de Deus, e por isso, fazer a vontade do Pai.


Portanto, podemos pensar que na mentalidade do mundo no qual nós vivemos, pagar o ódio com amor é uma loucura. S. Paulo nos diz: “a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus”. Mas para nós que somos de Cristo, este caminho de amar os inimigos é a nossa via de santificação. Amém!!


sábado, 15 de fevereiro de 2014

A Plenitude da Lei em Cristo - HOMILIA DO 6º DOMINGO COMUM

Amados irmãos e irmãs em Cristo

A Liturgia deste 6º Domingo Comum, nos convida a ver na Lei de Deus, o verdadeiro meio eficaz que nos conduz à vida feliz.

Já na primeira leitura, o autor do livro do Eclesiástico, exortava aos judeus de seu tempo, a perceberem qual era o verdadeiro caminho a ser seguido para ser feliz e viver bem, uma vez que eles estavam sendo seduzidos a abandonar a fé de Israel e a buscar a felicidade seguindo os deuses pagãos.

Assim, o autor sagrado dizia: “Se quiserdes observar os mandamentos, eles te guardarão, se confias em Deus, tu viverás”.  Vejam, se o povo observasse os mandamentos de Deus, a sua Lei, se deixando orientar por eles, e fosse se confiando inteiramente a Deus, nele estaria, pois a verdadeira felicidade. Todavia, Deus deu ao homem a liberdade, Ele não o prende, de modo que o homem é livre em seguir o caminho de Deus ou não. Por isso que o autor sagrado continuava a dizer: “Diante do homem está à vida e a morte, ele receberá aquilo que preferir”. Portanto, eu sou feliz à medida que eu observo os mandamentos do Senhor e neles encontro vida, ao passo que eu não os observo eu vou experimentando a infelicidade e a morte.

No Evangelho que é ainda uma continuação do grande sermão da montanha, Jesus mostra aos seus discípulos a importância da Lei para a vida do povo santo de Deus, ou melhor, Jesus dá aos seus discípulos a Nova Lei, pois se outrora no monte Sinai, Moisés recebeu de Deus a lei para o Povo. Jesus, o Novo Moisés do monte das bem aventuranças dá ao novo povo, o novo Israel, a Nova Lei. De fato, a Vinda do Messias deveria trazer a revelação de finitiva da lei, por isso que Jesus diz: “Eu não vim abolir a Lei, mas dar pleno cumprimento”. O Que Jesus queria dizer com esta afirmação?

Vejam, primeiro que tudo, Ele não veio para abolir a Lei, porque em si ela é de suma importância para o caminho de Israel, ela foi dom de divino, sinal da aliança de amor, de fidelidade entre Deus e seu povo amado e eleito. Porém, em Jesus a lei encontra o seu verdadeiro sentido de ser; vejam, em Jesus agindo e vivendo na força do Espírito Santo, Ele revela que a Plenitude da Lei é o  amor que em obediência ele vive com o Pai. Esta atitude de Jesus revela também que a Lei não é um conjunto de normas, preceitos, proibições, chegando a ser um fardo para o povo. A Lei é na verdade uma adesão, um sim, uma entrega de amor da vida do Povo a Deus. Portanto, podemos entender que o cumprimento, a “plenitude da lei é o amor”. Sendo assim, observar os mandamentos é na verdade amar o próprio Deus e amando-o, devo amar à sua imagem e semelhança que é o próximo.

Por isso, em Cristo, na força de seu Espírito de amor, derramado em nossos corações, amo a Deus e observo os seus mandamentos e neles encontro a verdadeira vida e a felicidade verdadeira, e deste modo me torno grande no Reino dos céus, ou seja, feliz, Bem-aventurado.


Peçamos, pois a Deus a graça de sermos sempre iluminados pela misteriosa sabedoria de seu Espírito, para que caminhando nas estradas de nossa vida, guardemos em nossos corações a Lei do Senhor, para sermos felizes em plenitude.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sede Sal da Terra e Luz do Mundo - HOMILIA DO 5º DOMINGO COMUM

Queridos irmãos e irmãs

Na Liturgia deste 5º domingo do Tempo Comum, Deus nos exorta em sua palavra a reavivarmos em nossos corações e em nossa vida, uma missão primordial de todo e qualquer discípulo de Cristo: “Ser sal da terra e luz do mundo”.

Já no Evangelho, nós contemplamos um trecho do grande Sermão da Montanha, onde Jesus tendo subido ao monte, o lugar do encontro com seu Deus e Pai, senta-se como um Verdadeiro Mestre e ensina aos seus o Caminho do Reino, e aos discípulos, revela-lhes uma missão: “Vós sois sal da terra e luz do mundo”.

Descubramos o sentido real e verdadeiro desta missão, primeiro: Ser Sal da Terra. Vejam, o sal na sagrada escritura indica: aquilo que dá sabor, o que serve para conservar, mas também, é um meio de purificação e um sinal de aliança e perenidade. Pois bem, ser sal na vida dos discípulos significa levar o sabor, a doçura do amor, da graça, da vida e da salvação de Deus ao coração de muitos homens e mulheres que estão insípidos, ou seja, insossos em sua vida espiritual, faltando-lhes Cristo. Devem convidar a humanidade a purificar o interior, para acolher o Reino de Deus, levando-os também, a conservar em seus corações a Palavra de Deus e observar os seus mandamentos, para que deste modo se possa viver uma  aliança eterna com Deus.

Depois, receberam a missão de Ser Luz do mundo. Reparem, a luz significa a vida nova e feliz. Portanto, Ser luz significa iluminar a vida e os corações de uma humanidade que anda na escuridão do pecado, nas trevas de uma vida sem Deus. É reascender nos corações o desejo de amar a Deus e de segui-lo fielmente, a romper com a vida de pecado e a viver na graça de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, também nós, os novos discípulos de Cristo pelo Batismo, recebemos esta missão, por conseguinte, deveremos ser no tempo presente de nossas vidas, Sal da terra e luz do mundo. Temos que levar o sabor da vida eterna a muitos corações que estão insossos de felicidade, alegria, paz e amor, amargurados, desanimados pelos sofrimentos da vida. Temos que levar a luz da salvação aos corações de tantas pessoas que se perderam nas estradas da vida e estão envolvidas pelas trevas, as nuvens sombrias do pecado.  O lugar no qual os discípulos e nós deveremos viver esta missão: é a terra, o mundo. Ou seja, na nossa vida cotidiana, no trabalho, na escola, na família. Em todo lugar somos chamados a ser sal e luz.

Mas sejamos conscientes de que o discípulo só poderá ser Sal e Luz, a medida que ele unir à sua vida a Cristo, pois Ele é o verdadeiro Sal e a Verdadeira luz da humanidade.  S. Bernardo já dizia: sem Cristo a nossa vida fica insípida. E Cristo dá testemunho de si dizendo: “Eu sou a Luz do mundo”. Portanto, o discípulo, nós, eu e você só podemos iluminar a humanidade e levar o sabor da graça e da salvação, se por primeiro tivermos experimentado o sabor da vida eterna em nossos corações trazido pelo Cristo Sal da terra, e se tivermos deixado com que Ele, enquanto Luz, iluminasse nosso ser.  É dentro deste contexto que S. Paulo vivia: “Eu não quero saber de outra coisa senão Cristo Crucificado”.


Por fim, é praticando as boas obras em nossa vida, ou seja, a caridade, o amor, a justiça, o perdão que nós vamos cumprindo a missão de ser sal e luz. Assim nos fazia ver o profeta Isaías: “se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”. Portanto, nos deixemos salgar e iluminar por Jesus, para que assim no cotidiano de nossa vida, salguemos e iluminemos o coração da humanidade para acolher o Reino de Deus. Amém!!


sábado, 1 de fevereiro de 2014

"Os Meus olhos viram a vossa Salvação" - HOMILIA DA FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

Queridos irmãos e irmãs

Hoje a Igreja celebra a festa da Apresentação do Senhor, lembrando que depois de quarenta dias do nascimento de Jesus, os seus pais para cumprir a lei mosaica, levaram o seu filho primogênito ao Templo para ser apresentado ao Senhor Deus.

A Primeira leitura desta santa celebração retirada do livro do profeta Malaquias, nos revela uma promessa de Deus na vida de seu povo: “Deus enviará o seu mensageiro, ele entrará no templo e lá o encontrareis, ele virá para purificar o coração da humanidade”.

Deveras, esta profecia se cumpriu no Evangelho que nós acabamos de escutar, no qual S. Lucas nos descreve exatamente o momento em que Jesus, o Filho e enviado de Deus é apresentado no Templo. Vejam, os pais de Jesus para cumprir a Lei que dizia: “todo primogênito do sexo masculino deve ser oferecido a Deus” (Ex 13,1-3). Levam-no ao Templo para ser apresentado, oferecido, consagrado a Deus. No Coração dos pais de Jesus, certamente estava a feliz certeza: Este filho não é nosso, mas é Todo de Deus. De fato, Jesus é o Filho de Deus que deve viver inteiramente para Ele, em total obediência ao Pai: “vim ao mundo para fazer a tua vontade ó Pai”. Deste modo, compreendemos que a vontade do Pai é que Jesus não perca nenhum daqueles que o Pai o confiou, ou seja, a humanidade, os homens e mulheres feridos pelo pecado. Assim, Jesus se fez homem veio ao mundo para “com sua morte, salvar e libertar a humanidade que vivia escrava do pecado” (Hb 2,14-15).

Em Jesus é o próprio Deus que está no Templo! Lá todos poderiam encontrar-se com Deus, tocá-lo, experimentá-lo bem próximo. Por isso, para lá se dirigem duas pessoas de fé: Ana, uma humilde profetisa, viúva, serva de Deus e Simeão, são imagem do povo que caminha nas estradas do mundo e espera ansiosamente a vinda do Messias Salvador, mas são imagem humilde de cada um de nós, que nutrimos o desejo de ver Deus. Pois bem, Simeão, homem justo porque vivia da Palavra de Deus, piedoso porque vivia com o coração aberto para Deus e que esperava a Consolação de Israel, guardava em seu coração o desejo de ver o Messias. Por conseguinte, Ele movido pelo Espírito Santo, com o coração abrasado pelo fogo do amor vai ao Templo. E no Templo, o lugar onde Deus habita e se revela, pôde contemplar o menino Jesus, o próprio Deus. Toma-o em seus braços, exulta de alegria e vê a promessa de Deus sendo cumprida em sua vida.

Ele contemplando Jesus, vê o Deus Salvador, vê a própria salvação. Jesus é a luz da humanidade, é a glória e o esplendor de todo o Israel, Ele veio para libertar a humanidade da escuridão do pecado, para conduzi-la das trevas à luz, para revelar a glória de Deus ao coração da humanidade. Por isso, também em sua missão no meio da humanidade, Ele será um “sinal de contradição”, ou seja, será incompreendido, rejeitado, perseguido, enfrentará a cruz, e nela revelará a sua glória a todos os povos, dando a vida eterna para todos os povos.
Este mistério da apresentação do Senhor no Templo, toca a nossa vida por inteiro. A exemplo de Simeão, nós em nossa fé, movidos pelo Espírito viemos a este Templo, no desejo de ver Deus. E de fato, Ele está no meio de nós, na Palavra, e, sobretudo, na Eucaristia, Quando o sacerdote em suas mãos, qual útero da virgem Maria, traz Jesus, sua presença viva e real em nosso meio. Na Eucaristia podemos tocar Deus com as nossas mãos como o fez Simeão, ver Deus com os nossos olhos, escutar Deus com os nossos ouvidos; verdadeiramente contemplarmos a luz que ilumina nosso coração, ver o Deus de nossa salvação que nos liberta de nossas dores e sofrimentos, e nele exultar de alegria como fez Ana.


Deixemos, pois, que o Senhor Jesus purifique o nosso íntimo, para que nele, Ele, o Rei da glória, o Senhor onipotente não somente entre, mas permaneça para sempre, faça nele sua morada, e em Jesus nos consagramos por inteiro a Deus, a ponto de com muita fé, amor, confiança e em total abandono dizermos: Somos todos teus Senhor, guarda-nos no Templo precioso do seu Coração. Amém.